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Webmorning APDC - Cidades, Comportamentos, Tecnologia & Comunicação

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WEBMORNING APDC - CIDADES, COMPORTAMENTOS, TECNOLOGIA & COMUNICAÇÃO Carlos Mauro, chief scientific officer, Cloo “Falar de cidades, comportamentos, tecnologias e comunicação é falar de comunicação voltada para a mudança comportamental, num processo de inovação que pode ser complexo do ponto de vista ético, mas que é muito produtivo e aumenta a qualidade de vida das pessoas” “Uma das principais questões das cidades é a distância psicológica dos cidadãos, que leva a que o seu envolvimento e participação nas questões locais seja pequeno. As ferramentas usadas são pouco adequadas e a estratégia de base está errada, já que se espera uma participação muitas vezes passiva, onde não há cocriação na definição de políticas públicas por parte dos cidadãos, o que as afasta” “Do ponto de vista ético, a ciências comportamentais devem ser usadas com tecnologia e comunicação. E com políticas transparentes e publicadas, para que as pessoas possam compreender como é que estas políticas tiveram eficácia. A cada insight comportamental, consegue-se maior envolvimento das pessoas” gica dos cidadãos”, que considera ser uma das principais questões nas cidades, o que leva a que o seu envolvimento e participação nas questões locais seja pequeno. A explicação para esta realidade? As ferramentas usadas são pouco adequadas e a estratégia de base está errada, já que se espera “uma participação muitas vezes passiva, onde não há cocriação nem participação na definição de políticas públicas por parte dos cidadãos, o que as afasta”. A utilização da tecnologia, que “nunca foi tanta como hoje”, utiliza também um “modelo equivocado, que tem que ser posto de lado”. É que se há cada vez maior produção de dados e monitorização, a realidade é que não existe uma abordagem comportamental na forma como os policy makers olham para os cidadãos. APROXIMAR E NÃO AFASTAR Olhando para os fundamentos comportamentais da economia neoclássica, de como se pensam os comportamentos dos cidadãos nas cidades, estes são olhados como pessoas capazes de ordenar as suas preferências, terem uma escala de preferências predefinida e estável, sendo as relações entre as preferências transitivas, de se agir de acordo com o modelo custo-benefício e de se procurar informação sobre custo e benefício marginal. A verdade, para Carlos Mauro, é que esta visão não é a mais adequada para 99% dos casos. É que as pessoas, “mesmo sendo auto-interessadas, não são necessariamente egoístas e maximizadoras”. E cita o exemplo de uma estratégia desenvolvida nos Estados Unidos para a redução do consumo de calorias nos restaurantes, que passou pela colocação em cada oferta do

5 Mais do que fornecer informação e incentivos, há que implementar pequenas mudanças nas organizações, com vista a permitir alterar comportamentos. Deixando sempre todas as opções nas mãos das pessoas. Políticas transparentes são essenciais menu das respetivas calorias consumidas. A realidade é que a colocação dessa informação a seguir a cada produto não resultou numa mudança de comportamento. Mas colocada antes do produto já teve uma adesão grande dos consumidores. A explicação está em que “vemos muito mal o médio e longo prazo. Abdicamos de prazeres futuros em prol do presente. Tudo acaba por passar por grandes impulsos. Cada pessoa processa as informações, formula juízos e toma decisões assentes em dois sistemas: um que é rápido e automático e outro que é mais lento e reflexivo. Mas se se pensava que este segundo sistema dominado, a realidade mostrou que o primeiro explica mais de 85% a 90% de todas as decisões. Que o ser humano real toma decisões intuitivamente, com pouca atenção consistente, sendo influenciado por detalhes do ambiente que podem até ser considerados irrelevantes. Por isso, para mudar comportamentos, mais do que fornecer informação e incentivos, há que implementar pequenas mudanças no contexto da decisão, de forma a facilitá-la. Por outras palavras: “ajudamos as pessoas, mas não obrigamos nem retiramos opções de escolha. Influenciamos comportamentos”. Não sendo as ferramentas tradicionais da regulação, informação e incentivos efetivos por si só, há que “pensar o comportamento humano real”, com base em insights comportamentais. Estes “podem ajudar a criar melhores informações e sistemas de incentivos, assim como melhorar a regulação, com a adoção de formas mais inteligentes”, explica o investigador. Mas, do ponto de vista ético, a ciências comportamentais devem ser usadas com tecnologias e comunicação, e com “políticas transparentes e publicadas, para que as pessoas possam compreender como é que estas políticas tiveram eficácia”. É que “a cada insight comportamental, consegue-se maior envolvimento das pessoas”, pelo que defende que se tem se “utilizar de forma inteligente a tecnolo-

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