O FUTURO DOS NEGÓCIOS - EXCELÊNCIA NO TELETRABALHO: PREPARAÇÃO DAS EMPRESAS PARA O PÓS-PANDEMIA Vicente Huertas, CEO, Minsait “Se o desafio ao nível do grupo, com mais de 40 mil colaboradores no mundo inteiro, foi mais difícil de superar, quando a pandemia surgiu em março de 2020, em Portugal foi relativamente fácil, porque quase todo o nosso trabalho pode ser feito remotamente” “Como alguns serviços não podem ser realizados à distância, em teletrabalho, tivemos que montar um modelo híbrido. Com medidas de proteção individual das pessoas, que eram um desafio na altura” “Um ano, depois estamos numa posição diferente e muito mais avançados. Mas definir um modelo híbrido é um grande desafio. Temos de avançar com uma planificação prévia e estamos a desenvolver uma ferramenta que funciona como um passaporte de empresa, para todos os colaboradores no espaço de trabalho. Vamos fazer um pequeno piloto para ver como funciona” Também o atendimento de IT estava completamente preparado para uma atuação transversal e de atendimento aos colaboradores”, assegura, destacando como eixo fundamental “a comunicação, que foi orientada e sólida para toda a organização”. Quanto ao futuro, e depois da pandemia ter vindo “reforçar um conjunto de reflexões que vínhamos a fazer na EDP sobre as novas formas de trabalhar”, a gestora diz que “estão a ser discutidas várias ideias e tudo aponta para um modelo híbrido, onde as pessoas possam podem executar as suas funções em teletrabalho”. Com este boost nesta realidade, que se relevou ser válida, irá “concerteza manter-se no futuro. Vamos continuar neste registo, com novas formas mais flexíveis de trabalho. São os próximos passos neste novo mundo digital”, remata. DESAFIOS DE UMA REALIDADE HÍBRIDA E qual o impacto da digitalização nos processos das organizações, nesta nova realidade híbrida? A Microsoft tem vindo a realizar alguns estudos sobre a crescente flexibilidade no trabalho, que mostram que há uma aceleração destas formas de prestação de trabalho, numa tendência que é irreversível. Paula Fernandes, Diretora de Colaboração e Produtividade na Microsoft Portugal, começa por destacar um trabalho realizado no final do ano passado, com a Boston Consulting Group e a KRC Research. Incluindo 15 países europeus, entre os quais Portugal, apresenta conclusões e orientações para melhorar a produtividade e a inovação no novo mundo de trabalho híbrido - presencial e remoto. Os dados revelam que a forma como o trabalho flexível é encarado sofreu uma alteração
5 dramática, com 92% dos líderes nacionais inquiridos a preverem a permanência deste modelo na fase pós-pandemia. Em 2019, apenas 15% das empresas portuguesas reportava uma política de trabalho flexível, percentagem que em 2020 subiu para 86%. Os principais benefícios identificados pelos empregadores em Portugal são o aumento da produtividade (81%), retenção de talento (72%), sustentabilidade (71%) e poupança de custos (71%). Já para os trabalhadores, as vantagens percebidas passam por um ambiente mais informal (81%), mais tempo para os hobbies (56%), trabalhar na presença de animais domésticos (41%) e mais tempo para as crianças (37%). Todos, sejam líderes ou colaboradores, olham o futuro do trabalho como cada vez mais híbrido e flexível. O que implica que “a inovação e transformação tecnológica do trabalho é vista como uma prioridade”, diz Paula Fernandes. O problema é que se vê, sobretudo nas empresas menos inovadoras, um maior crescimento do acesso à tecnologia, mas sem a necessária capacitação das pessoas para isso. Para esta responsável “a tecnologia não pode ser um fim em sim mesmo, é um capacitador, que tem de ser acompanhado do investimento da qualificação tecnológica das pessoas”. Entre as prioridades das organizações terá de estar ainda o investimento na cibersegurança, uma vez que “o acesso aos dados deixou de ser feito exclusivamente na organização e nos seus equipamentos e há um dilúvio de dados que criam um campo fértil para os ciberataques”. Automatizar processos e encontrar novas formas de contactar com os clientes terão também de ser prioridades, porque o mundo mudou e há que ter novas formas de interação. Assim como pensar em como será o regresso ao escritório, à medida que o desconfinamento for ocorrendo, pois terá que se adaptar tudo a uma nova realidade onde os trabalhadores estarão presentes fisicamente, mas não de forma permanente, pelo que “os espaços têm que ser repensados, num modelo não é isento de desafios. A nossa capacidade de responder a estes desafios vai determinar o nosso sucesso no futuro”, garante. A Diretora de Colaboração e Produtividade na Microsoft Portugal destaca as três grandes dificuldades sentidas no trabalho remoto: cultura de empresa, coesão da equipa e criação de mais silos. Manter os ciclos de inovação é outra dificuldade, a que acrescem os problemas das lideranças na gestão de equipas virtuais, já que sentem “uma perda no focus e nas metas a atingir, porque o setup é diferente”. Nos trabalhadores, os impactos também são grandes. A começar pelo acréscimo de trabalho sentido, já que despendem mais horas a trabalhar. Com impacto direto num decréscimo da saúde mental, “porque a adaptação foi feita em alta velocidade”. Acresce um esbatimento entre a vida pessoal e profissional, que cria ansiedade e níveis de stress mais elevados. Na ótica da gestora, será que se “agir muito rapidamente sobre saúde mental. A flexibilidade do modelo de per si não é suficiente. Temos que fazer uma mudança de paradigma e na cultura das organizações”. SEM FORMÚLAS MÁGICAS “E não há uma fórmula mágica para o futuro. Há pistas e neste espetro enorme de opções, que vai ser muito de tentativa e erro, há uma coisa
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