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Livro 30 anos APDC

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30 anos APDC

Introdução UM SETOR

Introdução UM SETOR EXTRAORDINÁRIO, UMA ASSOCIAÇÃO INVULGAR Dava eu os primeiros passos na minha carreira profissional quando a APDC foi fundada. Lembro-me, recém-chegado ao INESC, dos debates a que assisti entre os profissionais do setor sobre como modernizar a nossa rede de telecomunicações. Recordo as discussões sobre a evolução da computação pessoal e as consequências que esta teria em todo o setor, na forma como o Homem iria trabalhar e viver. O País e o Setor das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Media (TICM) eram diferentes, muito diferentes em 1984! Vivia-se em regime de monopólio, os operadores eram todos públicos e dividiam entre si a sua área de influência. A mesma coisa acontecia com a Televisão. A concorrência não existia. Por maioria de razão não existia um regulador setorial. Como consequência, obter uma linha de rede fixa levava vários meses e a densidade de linhas por habitante era das mais baixas da Europa. As infraestruturas de telecomunicações ainda eram marcadas pelo paradigma da comutação analógica. Existia apenas um operador de TV, e a própria TV a cores dava os primeiros passos. Não existiam redes móveis, nem internet. A comunicação de dados estava a começar, ainda em contextos muito específicos e com soluções próprias e velocidades de transmissão muito baixas. Mas o espírito inovador dos pioneiros da época, a capacidade de investimento que a adesão à então CEE nos permitiu e o espírito transformador que embalava o país mudaram completamente a face do setor. Pouco tempo depois, foi criado o regulador, prevendo-se novos tempos de concorrência e privatizações. Em muito poucos anos, a rede fixa foi modernizada, a comutação digital generalizada, a comunicação de dados promovida e tornada acessível ao grande público, a criação de operadores da rede móvel facilitada, a liberalização do setor conseguida, a TV por cabo largamente difundida, o uso da internet generalizado, as TV privadas lançadas e a rede postal modernizada. À medida que os operadores se afirmavam em ambiente de concorrência, também as capacidades tecnológicas e de negócio nos domínios 6 | 30 anos, 30 momentos extraordinários

das infraestruturas e sistemas de informação se reforçavam, passando o país a ser servido por dezenas de empresas nacionais e internacionais. Por isso este é um setor extraordinário. Um setor único porque se transformou rápida e radicalmente e que hoje, 30 anos volvidos sobre a criação da APDC, apresenta indicadores que colocam Portugal na “Cabeça da Europa Toda”, como diria o nosso grande poeta Luís de Camões. Mas muito caminho há ainda a percorrer no que respeita à procura. Dominados pela crise económica, sendo baixo o nosso poder de compra, e afetados ainda pela reduzida literacia digital da população ativa, os consumidores portugueses ainda não tiram o máximo partido das infraestruturas que foram criadas. Esse é o desafio que verdadeiramente se nos coloca no futuro. A APDC soube ser um fórum de discussão entre profissionais, espaço de troca de ideias sobre como realizar tão grande mudança. Contexto em que os profissionais e as empresas se souberam congregar, em torno dos problemas comuns, esbatendo diferenças e procurando novas formas de atuação. Espaço onde muitos se conheceram e onde se alimentaram amizades. Durante 30 anos, mostrou ter ímpar capacidade de mobilização. É isto que a transformou também numa associação invulgar. Com a transversalidade que as TICM têm hoje, a sua importância é crítica em todos os negócios. É isso que gera o imperativo de virar a APDC para os restantes setores da economia, trazendo também as suas empresas e profissionais ao nosso convívio. É também isso que faz com que o nosso setor seja extraordinário! A capacidade de transformar todos os negócios, de criar mais emprego e de desempenhar o papel de um dos motores principais da economia portuguesa. Rogério Carapuça Presidente da APDC 7

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