Sonaecom lança OPA sobre PT SEMENTE DE MUDANÇA 2006 mar. Passavam dois minutos das sete da tarde quando o quadro eletrónico anunciou os resultados da votação do ponto três da agenda de trabalhos da Assembleia-Geral Extraordinária da PT. A votação de acionistas mais aguardada do ano revelou a vontade da maioria a favor do projeto da gestão do Grupo PT. Era o fim do longo processo da OPA lançada pela Sonaecom, que durante 389 dias agitou o mercado de uma forma singular. Um mês depois da Sonaecom ter apresentado a sua proposta de aquisição da PT, Henrique Granadeiro é escolhido para presidente do Conselho de Administração e presidente executivo do Grupo. “Era uma situação completamente inédita. Até quem me convidou pôs questões. Achei que não estava preparado, mas alguém tinha de ser”, reconheceu numa longa entrevista dada ao Jornal de Negócios. “As minhas condições de partida eram bastante desfavoráveis. Havia uma certa euforia com o lançamento de uma OPA sobre a PT. Era a história romântica do David contra Golias!”. No início de 2007, é histórica a confiança demonstrada por Belmiro de Azevedo, no programa da RTP1 Grande Entrevista: “O preço de 9,50 euros é para manter. Uma revisão em alta só se se encontrar petróleo ou diamantes numa das várias sedes da PT!”. Na altura, considerava ter 99% de certeza que iria ganhar. “Dizer mais 1% seria arrogância da minha parte”. 62 | 30 anos, 30 momentos extraordinários
A OPA lançada pela Sonaecom sobre a PT foi um facto extraordinário... “… porque, para o mercado português, até pela dimensão, foi uma novidade e um evento excecional. Independentemente do desfecho, a Sonae e o Santander foram criativos e arrojados. Para a PT, a OPA contribuiu para acelerar as mudanças e foi um toque de despertar. As opções estratégicas, o posicionamento de mercado e as alavancas de criação de valor acionista tiveram de ser reavaliadas para contrariar uma oferta que tinha uma contrapartida em dinheiro e, por isso, era atrativa. Após a OPA, iniciámos o ciclo de maiores mudanças na PT. Apostou-se na transformação do modelo de negócio através do investimento na banda larga, na rede de fibra e na inovação. Manteve-se uma forte aposta no Brasil e em África e separou-se a PT Multimédia, para criar imediatamente um forte concorrente no segmento 3Play. Foram decisões difíceis mas a coesão do Conselho de Administração e o apoio dos acionistas foi crítico para que houvesse a coragem para implementar o novo plano de ação”. Zeinal Bava, à data vice-presidente da Portugal Telecom Diogo Leónidas Rocha, sócio da Garrigues Portugal, à data advogado da PT, considera que mais do que uma mera disputa de mercado pelo controlo de um operador de telecomunicações, esta OPA “representou uma mudança do paradigma do setor, obrigando os seus intervenientes a analisar os benefícios da separação das redes de cabo e de cobre”. E conclui: “Hoje, chego a duvidar se o objetivo último era efetivamente a aquisição da PT. Hoje, olho para trás e concluo que se calhar a OPA da Sonaecom sempre teve sucesso…”. Semente de Mudança | 63
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das infraestruturas e sistemas de i
Oliveira e Sousa, secretário-geral
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