Lançamento da Oni HORA DA LIBERALIZAÇÃO TOTAL 2000 jan. Um investimento de 100 milhões de contos até 2008, um arranque com uma rede de voz com pontos de recolha de tráfego nos 24 maiores centros populacionais do país e presença em mais de 300 pontos de venda. Foram estes os números divulgados na apresentação oficial da Oni, novo operador de telecomunicações que pretendia ser verdadeira alternativa no mercado totalmente liberalizado. “Vivia-se um ambiente de real euforia! Todos os consultores recomendavam às empresas de outros setores que elegessem as telecomunicações como um negócio estratégico. Diziam até que quem não estivesse neste mercado sairia do mapa!”, recorda Pedro Norton de Matos, presidente executivo da Oni de 2000 a 2005. Projeto inicial da EDP e da GDP, a Oni acolhe a entrada de um novo parceiro, o BCP, e mais tarde a Brisa. Em maio de 2000, altura em que Pedro Norton de Matos assume a liderança, “a Oni era um projeto muito ambicioso. Nunca me esqueço da oportunidade que tive de estar sentado com os presidentes da EDP e do BCP e dos seus parceiros Iberdrola e Banco Sabadell. Queríamos construir um operador ibérico de referência”. Mas o “rebentar da bolha”, a crise mundial do mercado das telecomunicações, começou logo em 2000/2001. A Oni já não conseguiu financiar o seu projeto no mercado através de um IPO e a EDP mudou de parceiro. “Tudo isto levou a que os acionistas de referência perdessem interesse e houve um desinvestimento”. De ibérico, o projeto passou a nacional, com o grande incentivo do concurso de uma licença 3G. “A Oniway tinha claramente o perfil e ganhou”. Mas o atraso da tecnologia levou a um compasso de espera. “Nesse intervalo fizemos acordos para funcionar como operador virtual, para operar na rede da PT, que nos deu 52 | 30 anos, 30 momentos extraordinários
A Oni foi um projeto extraordinário... “… porque era verdadeiramente ambicioso, tinha os parceiros certos e todas as condições para marcar a diferença. A Oni tinha algo muito diferenciador: a melhor rede nacional de fibra ótica. A mais moderna e a mais completa. O que não tinha era o ‘last mile’, que estava na posse da PT. O lacete local tinha um custo proibitivo, o que atrasou todo o processo de liberalização do mercado. Depois, foi uma pena o projeto 3G não se ter concretizado. Era inovador, muito criativo e, de facto, diferencial. Feriu de morte os projetos da Oni. Mas sinto-me um privilegiado, pois foi um viver no olho do furacão, com acontecimentos muito ricos. Em apenas cinco anos, conheci três presidentes da EDP, o maior acionista, e quatro reguladores... Quando aceitei o desafio, o meu lado de ingenuidade, relacionado com a paixão com que faço as coisas, não me fez ver que a agenda da altura era muito condicionada politicamente. É um mercado duro, para maratonistas e acionistas com muito fôlego e bolsos fundos”. Pedro Norton de Matos, presidente executivo da ONI, de 2000 a 2005 Pedro Norton de Matos interligação. Mas a Optimus e a Vodafone não deram. O regulador não interveio. A Oni passou, assim, a ser ‘um operador de nicho’”. Pedro Norton de Matos conclui com graça: “Na brincadeira, costumo dizer que não sabia que podia ter tanta importância no setor mundial das telecomunicações… Quando entrei, em maio de 2000, após o ponto mais alto em termos de capitalização bolsista das companhias de telecomunicações, o mercado começou a descer; quando saí, seis anos depois, o mercado começou a dar sinais de alguma recuperação”. Hora da Liberalização Total | 53
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