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Livro 30 anos APDC

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30 anos APDC

Lançamento pré-pago

Lançamento pré-pago TELEMÓVEL PARA TODOS Romão Mateus 1995 set Romão Mateus chega à TMN em julho de 1994, pelas mãos de Luís Todo Bom. Tinha 37 anos e um desafio colossal pela frente. Desde a entrada da Telecel no mercado, a TMN só tinha registado derrotas: perda de quota de mercado e de notoriedade e vários problemas internos. Após várias reestruturações, o presidente decide reunir todos os esforços para conquistar um novo segmento, o do grande consumo. Mas como? Na altura, os telemóveis eram objetos de luxo e as chamadas caríssimas… Numa visita à Alemanha, Romão Mateus descobriu uma empresa que tinha desenvolvido um sistema em que o cliente comprava um cartão que já vinha carregado com 100 marcos de chamadas. Só que findo esse valor, a operadora propunha um contrato de adesão à rede. “Romão Mateus percebeu que aquela funcionalidade podia ser o conceito de um produto pré-pago. Em Portugal, tínhamos uma rede multibanco fabulosa e por isso surgiu a ideia de gestão do saldo. Carregávamos inicialmente o cartão, as depois o cliente ia gastando e carregando sempre que precisasse”, recorda Eduardo Cláudio, o seu primeiro gestor de produto. Eduardo Cláudio entrou na empresa em maio de 1995, numa fase embrionária. “No meu segundo dia de trabalho, iniciei-me logo no projeto, na altura completamente secreto. Quando me explicaram o conceito percebi logo que seria uma bomba! Pelas suas características inovadoras e por ir ao encontro daquilo que os clientes ansiavam”. ORGA era o nome de código interno, por assim se chamar o fornecedor técnico com quem estavam a trabalhar. “Este projeto fez renascer a empresa. Estávamos quase numa fase de vida ou de morte. Tudo tinha de correr bem”. Um grupo de vinte pessoas tinha, apenas até setembro, o desafio de lançar um produto sem assinatura mensal nem taxa de subscrição à rede, com um cartão pré-ativado, 42 | 30 anos, 30 momentos extraordinários

O lançamento do pré-pago foi um marco extraordinário... “… porque democratizou por completo o uso do telemóvel. De tal forma que não diria apenas extraordinário, mas sim super-extraordinário! A maior evidência é olhar, hoje, para o mercado das telecomunicações mundial e vermos que a esmagadora maioria dos clientes são pré-pagos, num conceito muito próximo ao que lançámos em 1995, há 20 anos. O core do conceito, um telemóvel pré-pago pronto a falar com todos os benefícios associados, é tão forte que ainda se mantém e é a principal forma de utilização das telecomunicações móveis usada desde aí. Foi uma vitória muito importante não só para a história da TMN, como para a história do país. O pré-pago é sempre referido como um exemplo de inovação nacional, a par da rede Multibanco e da Via Verde. É algo de que só temos que nos orgulhar.” Eduardo Cláudio, gestor de produto na altura do lançamento do Mimo recarregável na rede Multibanco. “Era uma equipa muito pequena e unida e estávamos totalmente focados em levar isto por diante. Trabalhávamos imenso, mas com muito gosto”. Mimo da TMN No dia 6 de setembro, véspera do lançamento, a TMN reuniu a sua rede de agentes comerciais para apresentar o Mimo. “A ideia era que o telemóvel passava a ser tão acessível e fácil de usar que até um mimo caía na tentação de falar”, lembra Eduardo Cláudio. Compraram logo a ideia. “O nosso primeiro lote eram cinco mil telemóveis. Só naquela reunião recebemos encomendas de cerca de quatro mil. Percebemos que seria uma loucura!”. Nessa noite, enquanto a campanha de comunicação foi pela primeira vez para o ar, várias equipas percorreram o país a entregar as encomendas e os famosos Mimos em cartão. “Fizemos Mimos em tamanho real, com 1,80m. Queríamos que no dia seguinte os clientes fossem logo recebidos por ele à porta das lojas, mas não pensámos que a sua distribuição pudesse ser tão complicada…”. No início do ano seguinte, começaram a receber pedidos de operadores de todo o Mundo. “Queriam vir ver o conceito. Todos os meses recebíamos visitas. Fomos uma escola”. No meio de tanta euforia, a ideia não foi patenteada. “Ninguém se lembrou disso. Talvez tenha sido uma falha… Se tivéssemos patenteado, a história seria diferente…”. Vitamina da Telecel A Telecel ainda demorou um ano a responder ao Mimo. “Estivemos dias e dias em discussões. Tivemos imensas reuniões até que chegámos à Vitamina. Queríamos vitaminar as comunicações”, recorda Mário Vaz, atual CEO da Vodafone Portugal. E acrescenta: “A embalagem tinha a forma de comprimido. Era uma trabalheira! Fazer os moldes, assemblar… era um desafio brutal! Não havia plásticos que chegassem!… O mercado crescia de modo incomparável. Costumávamos dizer que na altura não se vendia, aviava-se!”. Telemóvel para Todos | 43

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