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Livro 30 anos APDC

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30 anos APDC

Reestruturação das

Reestruturação das comunicações estatais CONCENTRAR PARA PRIVATIZAR 1994 maio Ferreira do Amaral, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, de 1990 a 1995, herdou um “setor estruturado por razões geográficas e não por motivos racionais”, como recorda. Era imprescindível a sua reorganização. “Foi um momento muito desafiante!”, reconhece. Assim, em 1992, é criada a holding estatal Comunicações Nacionais (CN), destinada a gerir todas as participações do Estado no setor. Nesse ano, dá-se a autonomização das telecomunicações desenvolvidas pelos CTT. Portugal passa a ter a sua rede de telecomunicações explorada por três operadores: os TLP para o serviço telefónico nas áreas de Lisboa e Porto, a Telecom Portugal, responsável pelas restantes comunicações nacionais, para a Europa e Bacia do Mediterrâneo e a Marconi que assegurava o tráfego intercontinental. Luís Todo Bom foi convidado a liderar a Telecom Portugal e o posterior processo de fusão com os TLP, Marconi e TDP. “À semelhança da France Telecom, British Telecom e Telefónica, o modelo a seguir era a criação de um grande operador de telecomunicações. O jogo global exigia dimensão, recursos financeiros e tecnologia”, lembra Luís Todo Bom. Nasce, assim, a Portugal Telecom. “Orgulho-me de ter sido o seu primeiro presidente!”. E recorda “grandes batalhas”: “A renegociação dos contratos de fornecimento das terminações digitais foi muito difícil! Mas conseguimos reduzir em cerca de 40% o valor e acelerar a digitalização da rede. Em 2000 já estávamos em condições de liberalizar o mercado”. O segundo maior desafio foi a harmonização e modernização dos sistemas de informação. “Cada empresa tinha um sistema diferente. Foi muito complicado! 36 | 30 anos, 30 momentos extraordinários

A reestruturação do setor foi um processo extraordinário... “… porque sofria de uma profunda irracionalidade e foi feita em tempo recorde. Em apenas quatro anos, criámos uma organização a partir do zero, fundimos as várias empresas do setor, criámos um grande grupo de telecomunicações, iniciámos a privatização em dois mercados e começámos a sua internacionalização! Os holandeses, por exemplo, demoraram dez anos para fazer tudo isto… Vivi muito intensamente esses anos, quase não dormia, trabalhava 12 horas por dia. Foram tempos muito duros, de grande contestação e muitos combates. Aproveitava as imensas viagens que fazia pelo país para dormir no carro! Não posso deixar de destacar outros dois grandes protagonistas, pessoas extraordinárias: o ministro Ferreira do Amaral e o presidente da CN, Cabral da Fonseca. Saí com o sentimento de dever cumprido. Fiz tudo o que prometi, gostei imenso e tive a satisfação de deixar a empresa bem entregue”. Luís Todo Bom, primeiro presidente da Portugal Telecom Lembro-me que tínhamos um diretor e três subdiretores nessa área e todos se divorciaram durante esse período…” Passo seguinte? Privatização. “Também foi complicada porque não tínhamos histórico. Lançámos a privatização com um único Relatório e Contas…”. E, para marcar a diferença, foi feita em duas Bolsas: Lisboa e Nova Iorque. “Ganhámos capacidade financeira, cobrimos o défice do Fundo de Pensões e começámos a olhar para o processo de internacionalização. A PT ganhou condições para caminhar sozinha!”. Luís Todo Bom Concentrar para Privatizar | 37

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