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Livro 30 anos APDC

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30 anos APDC

Adesão de Portugal à

Adesão de Portugal à CEE IMPULSO DECISIVO Assinatura da adesão à CEE nos Jerónimos 1986 jan. Grande expectativa, sentimento de oportunidade, algum receio do desconhecido. Vivia-se um ambiente de esperança no início do ano de 1986, com a passagem de Portugal a membro de pleno direito da Comunidade Económica Europeia. “Esta adesão deverá ser um catalisador da vontade de todos os portugueses para vencer. O projeto contém todas as virtualidades para nos arrancar do marasmo, mas a sua concretização depende única e exclusivamente de nós”, defendia, à data, António Martha, presidente da Comissão para a Integração Europeia. Arregaçadas as mangas, foram várias as mãos convocadas, com frutos visíveis. “O dinheiro estava disponível durante pouco tempo, por isso tinha que se aproveitar essa janela de oportunidade. O empurrão dado pelos fundos comunitários permitiu infraestruturar o país. Conseguimos alinhar-nos, recuperámos o atraso e passámos a ter capacidade genuína de sermos um parceiro equilibrado. Se o fizemos com demasiada antecipação ou exagero em relação às nossas necessidades já é outra questão...”, reflete José Almeida Mota, ex-presidente da Fundação Portuguesa das Comunicações. E recorda, divertido, um pormenor curioso: “Nas inaugurações, era obrigatório colocar-se um placard enorme a dizer ‘Esta obra foi paga por Fundos Comunitários…’. Mas nós, que nunca quisemos perder o nosso sentido de soberania, arranjávamos sempre uma placa bem pequenina, que quase ninguém via...”. 14 | 30 anos, 30 momentos extraordinários

A adesão à CEE foi um facto extraordinário... “… porque marca o fim do ‘isolamento’ e permitiu a Portugal integrar-se nas dinâmicas de desenvolvimento dos países mais avançados da Europa. O setor das comunicações tirou rápido partido das novas oportunidades, em particular através do acesso a novas tecnologias e redes, modernização de infraestruturas, qualificação de recursos, diversificação da oferta de serviços e aprofundamento do perímetro de ação. E foi, ele próprio, fator determinante no processo de crescimento e modernização da economia portuguesa. Nas negociações de adesão, recordo o entusiasmo, a genuína entrega e a adrenalina das equipas, lideradas pelo saudoso Prof. Ernâni Lopes. Em 1985, os negociadores (onde eu me incluía) tiveram que passar muitas noites em branco. Numa pequena sala do histórico edifício Charlemagne, em Bruxelas, sobrevivemos dias e noites à pressão negocial dos interlocutores. Tenho ideia de que os odores do famoso cachimbo do Prof. Ernâni Lopes perduraram nessa sala durante muitos anos... Facto hoje verdadeiramente impressionante é que as negociações, que se prolongaram por oito longos anos, foram realizadas sem telemóveis, sem correio eletrónico, sem conference calls e sem computadores portáteis. Foi obra!”. Vítor Martins, à data Secretário de Estado dos Assuntos Europeus Sequeira Braga, primeiro presidente da APDC, era na altura Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações. Lembra-se bem da importância deste momento: “A entrada de Portugal na CEE foi decisiva para a abertura do setor. A pressão externa ajudou muito a vencer as resistências internas, a mudar as mentalidades e criou novos desafios. Sentia-se um clima de receio, e lembro-me que os CTT e os TLP muitas vezes reagiam mal contra medidas elementares”. E reforça a importância da APDC: “Pela discussão que promoveu e mostrando realidades de outros países, desempenhou um papel muito relevante na divulgação e banalização das novas ideias”. Selos comemorativos Reprodução da imagem autorizada pelos CTT Capa jornal “Diário Popular” Impulso Decisivo | 15

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