portugal digital O Neurorehablab, liderado por Sergi Bermudes i Badia (na foto), funciona desde 2012 no Funchal. Ao abrigo da parceria que estabeleceu com o centro de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) na área das ciências da computação, a Universidade da Madeira e a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação Tecnologia e Inovação (ARDITI) também testa soluções no âmbito da saúde mental 56 de sempre, ou a visitar a aldeia de Trás-os-Montes a que não se deslocavam há muito tempo, para ver a festa popular que lá acontece todos os anos e que nós filmáramos previamente, em 360 graus. Foi lindíssimo testemunhar a sua alegria”. Com mais de 30 investigadores, este laboratório também se foca no tratamento de fobias, para o qual as tecnologias imersivas constituem uma ferramenta particularmente eficaz: “Já que a terapia destas perturbações passa pela exposição gradual dos pacientes ao agente fóbico, é muito fácil recriar através de realidade aumentada ou realidade virtual esses elementos que as perturbam e de sessão para sessão registar os progressos”, explica António Marques. Há experiências com resultados extraordinários que abrem novas perspetivas à medicina Ciente de que estas tecnologias “permitem criar terapias altamente eficazes”, o diretor do Laboratório de Reabilitação Psicossocial está animado: “Já está a acontecer muita coisa. Esta transformação é inevitável”, frisa. Neste momento o laboratório tem em mãos um projeto para o exército que vai ajudar os militares que pertencem às forças especiais a lidar com o stress que as suas missões implicam, através do contacto com ambientes de guerra no meio virtual. “Estamos, de parte a parte, entusiasmadíssimos”, partilha, com um enorme sorriso. O NEUROREHABLAB DO FUNCHAL Como o nome indica, o Neurorehablab também se dedica à investigação na área das XR com vista à sua aplicação na área da saúde mental. A funcionar desde 2012 no Funchal, no âmbito da parceria que estabeleceu com o centro de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) na área das ciências da computação, com a Universidade da Madeira e com a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação Tecnologia e Inovação (ARDITI), conta com uma equipa de cerca de 20 investigadores. Sergi Bermudes i Badia, o diretor deste centro, faz questão e explicar que a sua equipa é constituída por especialistas de áreas muito diversas: “Não estamos alinhados com a visão das áreas disciplinares tradicionais. No nosso grupo temos engenheiros biomédicos, psicólogos, informáticos e designers, pois acreditamos que na área da saúde não chega colaborar. Temos de ser clínicos também”.
Sara Eloy, professora na Universidade de Antuérpia, dirigiu o ISTAR, centro de investigação do ISCTE, durante seis anos. Agora como investigadora mantémse ligada ao projeto que desenvolve soluções XR para arquitectura, construção e urbanismo Do ponto de vista tecnológico, a ferramenta do Neurorehablab é a realidade virtual imersiva e não imersiva, mas os projetos a que se tem dedicado são muito diferentes entre si, tão diferentes como os perfis de pacientes que lhes são endereçados: “Uns têm problemas de mobilidade, outros dificuldades na área cognitiva” especifica Sergi Bermudes i Badia, antes de descrever algumas das soluções que já fazem parte do portfólio do centro. Uma das mais impressionantes é a que usa um capacete de realidade virtual para fazer reabilitação motora em doentes que sofreram avc: “No hospital existem fisioterapeutas que exercitam os membros, mas o que trabalham são os músculos, quando na realidade o que foi afetado pelo avc foi o sistema psicomotor”, frisa o diretor do centro. Com o capacete de realidade virtual “foi possível fazer interfaces entre cérebro e computador para estimular as redes neuronais, dando aos pacientes um corpo virtual que induz uma atividade cerebral correta”, descreve Sergi Bermudes i Badia. Outro projeto de que se orgulha é o que usa XR para treinar idosos a orientar-se de forma segura no espaço público: “As pessoas estão fisicamente numa sala onde projetamos nas paredes o ambiente da rua. Nesse ambiente virtual criamos paradigmas diferentes para treinar competências. São simulações que permitem avaliar melhor a capacidade que estes pacientes têm de interagir com o meio exterior. Numa sala de hospital isso não se consegue fazer”. Os médicos estão entusiasmados com estas soluções: “A comunidade clínica já aceitou que nos próximos anos vamos caminhar neste sentido. Um importante indicador é o facto de haver cada vez mais prémios de inovação em saúde baseados em software. De resto, sentimos que a maioria dos médicos que trabalham connosco gosta de poder oferecer soluções que há poucos anos não eram possíveis”, partilha o investigador. O Neurorehablab, sublinha, já impactou centenas de pessoas. Tal só foi possível graças à parceria que o centro de investigação estabeleceu com os serviços regionais de saúde. Segundo um estudo em que Sergi Bermudes i Badia participou “em 2030 o mercado da realidade virtual e da realidade aumentada em saúde vai ser de 20 mil milhões de dólares”. Uma estimativa que fala por si. GREEN CITY FOR AGING Este é o nome do projeto que o ISTAR, o centro de investigação que funciona desde 2005 no ISCTE, está a desenvolver para Lisboa. Sara Eloy, que dirigiu o ISTAR durante seis anos até 2023 e agora é professora na Universidade de Antuérpia, não cortou o cordão umbi- 57
O HUB 5G DA NOS QUER FAZER ACONTECE
edit orial Sandra Fazenda Almeida s
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