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COMUNICAÇÕES 251 - PEDRO AREZES O EFEITO DE CONTÁGIO DO PROGRAMA MIT PORTUGAL

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a conversa tar água em

a conversa tar água em todas as plantas, regou aquelas que considerava as mais importantes. Houve uma desconfiança por parte de quem ficou fora do programa, alegando que aquilo era um clube de amigos. As duas primeiras fases foram essenciais para se dar um salto na ideia que temos para o país? Sim, na ideia e na perspetiva de que podíamos fazer coisas mais ambiciosas. Muitos grupos de investigação foram expostos a interações internacionais. O MIT é muito focado neste ecossistema de inovação e de desenvolvimento de produtos, de soluções. Foi também importante estarmos expostos à cultura norte-americana, que não tem medo de arriscar, virada para o empreendedorismo. É um lugar-comum, mas absolutamente real. Eu tive a sorte de passar pelo MIT e Harvard! Foi uma felicidade! Quando lá estive, uns dias por semana trabalhava em Harvard, outros dias no MIT. Foi uma experiência absolutamente fantástica! 22 Qual a importância desses primeiros tempos? Enorme. Os colegas americanos do MIT participavam destes programas, vinham cá, e nós levámos alunos, professores, investigadores aos Estados Unidos. Esses contactos internacionais são transformadores, e falo por experiência própria. Estive seis meses na Universidade Tecnológica de Delft, na Holanda, e isso mudou a minha vida. Depois, tirei uma licença sabática em Boston, em Harvard e no MIT. A minha carreira acelerou por causa disso. A experiência foi de tal forma enriquecedora que eu fiquei realmente apegado ao projeto. Quando me fizeram o convite para dar continuidade ao programa em Portugal, não pude recusar. Esses intercâmbios criaram uma espécie de comunidade? Sim! É a comunidade MIT Portugal, constituída pelos mais de mil alunos que passaram por estes programas de doutoramento, os professores, os investigadores, as pessoas que se associaram e que se reconhecem nela. Temos muitos testemunhos de alunos nossos que hoje estão em posições de relevo um pouco por todo o mundo, CEO de empresas, de startups, advisors principais na União Europeia para as políticas de ciência ou empreendedores muito bem sucedidos. Os nossos programas de doutoramento eram muito competitivos e atraíram os melhores alunos de todas as universidades. A comunidade de alunos que saem do MIT criou aproximadamente 30 mil empresas que empregam 3,3 mil milhões de pessoas e faturam mais de 2 trilhões de dólares. Ter essa experiência é uma espécie de momento “Uau” na vida de qualquer pessoa? Completamente. Para se ter uma ideia, apesar de o MIT ser uma universidade relativamente pequena, apenas com 11 mil alunos (a Universidade do Minho tem 22 mil!), tem muito mais professores e investigadores (o triplo da Universidade do Minho). Há um estudo relativamente recente que mostra que a comunidade de alunos que saem do MIT (e também alguns professores) criou aproximadamente 30 mil empresas que empregam 3,3 mil milhões de pessoas e faturam mais de 2 trilhões de dólares. Ou seja, a nível do Produto Interno Bruto, seria a décima economia mundial, à frente da Rússia, da Austrália ou da Espanha. Isto é absolutamente incrível e dá uma perspetiva da escala de inovação e de investigação desta casa – e do impacto que tem. As pessoas talvez não tenham noção da quantidade de invenções que nasceram ali! A Dropbox, por exemplo, saiu dali. À volta do campus do MIT, em Cambridge ou em Boston, está a Google, a Microsoft, inúmeras empresas muito relevantes. À procura de talento e de ideias. Às vezes à procura de inspiração. Porque está ali a nata da nata mundial… Exato. E é por isso que esta nossa exposição, mesmo só pelo contacto, é um ponto de viragem. Transforma- -nos, muda-nos. É inevitável o contágio. Esse contágio muda a cultura de inovação de Portugal? Muda de tal forma que os nossos alunos têm impacto em diversas áreas relevantes do país. Exercerão a sua influência. Farão diferente. O que leva o MIT a manter esta parceria com Portugal? Não é seguramente por questões financeiras. O MIT trabalha com a Rússia, com Singapura, com o Japão, países com capacidade financeira para fazer pagamen-

tos avultados. Além do mais, o MIT não é uma instituição que precise de dinheiro. Tal como outras universidades americanas, tem um fundo muito confortável e que, durante a pandemia, por causa dos investimentos efetuados em ações de empresas tecnológicas, de trabalho remoto, praticamente duplicou de tamanho. Portugal interessa ao MIT pela nossa escala, porque aqui é capaz de influenciar outras universidades públicas do país, consegue ter um impacto direto em toda a Academia e, por inerência, na economia como um todo. Portanto, o que está a dizer é que o programa do MIT tem uma marca direta em Portugal… Sim, as principais empresas portuguesas, de setores tradicionais, mas também da energia, da banca e por aí fora, passaram pelo programa. Há, sim, uma marca no país, coisa que não acontece em França, em Inglaterra ou mesmo em Espanha, que são economias muito maiores, e o MIT tem parcerias focadas num tema em particular, com menos relevância à escala nacional. A terceira fase do programa, o MIT Portugal Partnership 2030, tem uma orientação completamente diferente. Foi anunciado em junho de 2018 e tinha atividades previstas até 2030, embora com uma revisão em 2023. Quais foram as grandes mudanças com esta nova fase? “Portugal interessa ao MIT pela nossa escala, porque aqui é capaz de influenciar outras universidades públicas do país, consegue ter um impacto direto em toda a Academia e, por inerência, na economia como um todo” É uma fase de ligação mais forte e mais inovadora às empresas. As empresas devem estar recetivas para ter quadros altamente qualificados na área tecnológica e com foco grande na inovação. Mas mesmo as grandes empresas ainda veem a colocação de doutorados e de pessoas muito qualificadas como desfasadas das suas necessidades. Portanto, fazem o recrutamento pelas qualificações mais baixas, dando depois a formação internamente. Para muitas empresas, contratar um doutorado pode até criar-lhes problemas. Não só nas questões salariais, mas sobretudo porque acham que pode ser demasiado disruptivo face àquilo que a empresa consegue fazer. Nas áreas mais tradicionais, como por 23

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