itech FERNANDO MARTA: Relação perfeita Trata a tecnologia como uma parceira que tem tudo para fazê-lo feliz. Por isso não se expõe, não se submete e jamais correrá o risco de criar dependência. Como em todas as relações bem-sucedidas, o importante é saber gerir os equilíbrios. Texto de Teresa Ribeiro | Fotos Vítor Gordo/ Syncview 44 Contra todas as probabilidades, o primeiro contacto mais sério que Fernando Marta, atual chefe de gabinete da presidente executiva da Altice Portugal, teve com tecnologia digital deve-o… ao avô. Hoje, não seria assim tão fora de comum, mas falamos dos anos 80, do tempo em que poucos se lembrariam de oferecer um computador ao neto: “Na altura, estava a estudar Economia no ISEG e esse presente foi, de facto, um facilitador, ajudou-me a fazer os trabalhos para a faculdade”. Era um IBM, de tamanho considerável, esse caixote que o surpreendeu, deixando-lhe no espírito uma ideia que nunca abandonou: a de que as tecnologias de informação existem para melhorar a nossa vida. “Computador” e “facilitador” são, aliás, palavras que rimam. No discurso de Fernando Marta completam-se, seguem a par. Dir-se-ia que aquela primeira interação com o IBM formatou o seu olhar sobre o digital, porque na hora de fazer o elogio desta tecnologia é de facilitação e agilização que fala. O curso colocava-o na área de gestão, mas os acontecimentos acabaram por levá-lo às TI. Passou por uma multinacional do setor, depois esteve na Agência para a Modernização Administrativa. Durante 12 anos ajudou à transformação digital da Administração Pública (AP), trabalho pioneiro de que se orgulha: “Tenho o espírito do servidor público, por isso gostei muito de estar na origem de projetos como o Portal do Cidadão e o autenticação.gov (um serviço que, com uma única autenticação, nos dá acesso a diversos serviços da AP). Essa foi uma das fases da minha vida que mais me fascinaram”, confessa, com um brilhozinho nos olhos. Enquanto a conversa fluía, foi interrompido algumas vezes pelo smartwatch. Calou-o, desculpando-se. Admite com tranquilidade que a tecnologia se insinua a todo o momento nas nossas vidas. Nada a fazer. E a verdade é que o reverso da medalha é bom, tem a ver com a tal eficiência que a tecnologia permite alcançar. Será que, nas férias, consegue desligar? “Nos primeiros dias, não consigo (risos). Num espaço temporal de três semanas, se calhar consigo desligar na segunda semana. Depois, à medida que me vou aproximando do regresso ao trabalho, começo a consultar mais o email”. Para Fernando Marta o importante é não ser dependente da tecnologia e isso ele sabe que não é. A prova é que se desligou das redes sociais para, entre outras coisas, ter mais tempo sem estar a olhar para um ecrã. A única rede social em que se mantém é o LinkedIn, por ser apenas de caráter profissional: “Acho importante valorizar os momentos quando estamos a vivê-los, em vez de perder tempo a postar nas redes sociais tudo o que fazemos”. Muito crítico em relação aos hábitos que se enraizaram na sociedade em torno destas redes, não hesita em dizer que “fazem mais mal do que bem”. “As pessoas”, frisa, “deviam gastar mais tempo com os amigos e com a família e quando viajam era melhor que aproveitassem bem a experiência em vez de estarem o tempo todo preocupadas com as fotos que têm de tirar para mostrar no Facebook ou no Instagram. Nos concertos vemos toda a gente com os telefones no ar, a filmar, em vez de estarem a desfrutar o espetáculo”. Este “filme” assusta-o. Em compensação, há outros que adora. Cinéfilo confesso, tem predileção por filmes de ficção científica, onde não por acaso a tecnologia explode por todo o lado, fazendo magia no ecrã. Foi a correr ver o Dune II, mas antes preparou-se e reviu o primeiro filme da série. É fã absoluto da Guerra das Estrelas. Mas há mais. Tantos! O inesquecível “Blade Runner”, por exemplo. Outra paixão sua é a música. Longe vão os tempos em que seguia, na rádio, o “Som da Frente”, o programa icónico de António Sérgio. Foi lá que descobriu This Mortal Coil, The Cure, Joy Division, U2. Agora é através do telefone que chega aos sons que mais o envolvem. Atualmente mais da área do jazz e música clássica. Tecnologia para ele é isto: trabalho e prazer. Por isso vive tão bem com ela.•
Fernando Marta é fã assumido da Apple, por isso tem um iPad e um iPhone. O portátil é da mesma marca. Além do design e usabilidade destes equipamentos, que muito aprecia, no telefone valoriza a qualidade da câmara. Detalhe que nunca poderá ser indiferente a quem, como ele, gosta de fazer fotografia. Com phones sem fios de qualidade habituou-se a ouvir música através do telemóvel, mesmo enquanto trabalha. No pulso, o smartwatch mantém-no informado sobre questões que ficam entre os dois 45
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