em destaque|evolve 36 vamente, porque precisamos de tornar a nossa vida mais fácil, conveniente e mais bela. O digital pode ajudar-nos nisso, mas apenas ajudar, não será capaz de o fazer por nós. Esse é o trabalho da liderança humana, de motivar as pessoas a auto-superarem-se, utilizando as ferramentas que têm ao seu dispor, incluindo todas as ferramentas tecnológicas”, considera. Neste âmbito, também a Administração Pública tem pautado a sua atuação “por uma tentativa constante de identificar os desafios e os problemas e apresentar soluções que simplifiquem a vida das pessoas, das empresas e promovam a transformação digital do país”. Sempre “em diálogo com todos os agentes de diferentes setores. Por isso, deixo um repto: ajudem-me neste exercício, façam parte dele”, remata. MENTE ABERTA À MUDANÇA Mas como se antecipa o futuro, no âmbito da inexorável transformação digital das organizações? Especialista nesta área, Paulo Cardoso do Amaral, que pelo 2º ano consecutivo Os estudos de caso apresentados nesta edição ajudam a criar propostas de valor que podem ditar o sucesso das organizações foi o Coordenador Científico do EVOLVE, garante que “não basta olhar para as tecnologias e usá-las. É preciso fazer as contas seguintes, determinando em que medida o ambiente competitivo poderá ou não ser favorável para se ter sucesso”. Na sua perspetiva, os estudos de caso apresentados permitem “perceber as dificuldades e as oportunidades que a tecnologia nos dá e a evolução que possibilita, ajudando a criar uma boa proposta de valor, que poderá ditar o sucesso de uma organização no futuro. Mas só isto não chega, até porque propostas de valor com tecnologia já existem há muito tempo e nem todas deram certo. É preciso ter cuidado”, neste “momento que estamos a viver, particularmente importante, porque a revolução digital vai acontecer ao país e à estrutura económica, com impacto nas empresas e na estratégia”. Há que saber “o que aí vem em termos de ambiente competitivo” para se poder avançar com um processo de mudança, utilizando de forma diferente a tecnologia, pois só assim se garantirá o futuro. “Temos de saber como usar a tecnologia para fazer diferente, ser inovador no que ainda não foi experimentado”, considera. Os casos apresentados permitem “partilhar exemplos que podem acelerar o processo de aprendizagem, para que quem vá utilizar a tecnologia saiba onde é que estão as vantagens e oportunidades, assim como as dificuldades”. Mas é preciso ir mais além, contextualizando o negócio e a estratégia, para ver se é favorável e “tentar encontrar propostas de valor que utilizem ao máximo as suas potencialidades para fazer coisas novas e diferentes. Isso requer aprendizagem e a visão do test and fail das startups”. Para este responsável, Portugal tem o problema da sua pequena dimensão, numa UE com “uma visão draconiana de regulação. Não ganhamos vantagens com a economia de escala da Europa. Prova disso é que as big tech estão todas do outro lado do Atlântico e deste lado não tem havido oportunidades”. Pelo que “a capacidade de crescer rapidamente num país com a nossa dimensão tem dificuldades próprias. Significa que temos de pensar em que medida é que vamos ter sucesso com as novas tecnologias”. Cada vez mais, “ganhar dinheiro com as novas tecnologias passa muito por efeitos de rede. Todos os modelos implicam ter alguma escala. Temos de encontrar formas de rentabilizar a proposta de valor, olhando sempre para o que é o equilíbrio competitivo em que estamos a trabalhar”. E “uma boa parte do nosso raciocínio vai ser treinar a forma de criar valor”, porque “as tecnologias que vamos utilizar amanhã para o nosso sucesso não são as que estamos a usar hoje” e o que “vem aí é ecossistémico”. Portugal já está a desenhar uma estratégia nacional para lhe responder, o que “significa que há várias entidades que vão entrar nesta equação e que podem alterar o ambiente competitivo. Uma delas, muito importante, é a AP, que é o sustentáculo do funcionamento da economia regulada: se funciona bem, temos sucesso, se funciona mal, vai complicar a vida a todos”, alerta. Mas esta estratégia está também ligada às decisões de Bruxelas. “Os regulamentos estão a levar a Europa para um ambiente competitivo muito mais nivelado, o que significa que as nossas empresas já não dependem só dos nossos reguladores”, comenta o especialista, deixando claro que “o mundo está a mudar, assim como as cadeias de valor”, num conjunto de alterações ecossistémicas em que até passará a ser possível “dese-
Paulo Cardoso do Amaral, que voltou a ser o coordenador científico da iniciativa, avisa que há que saber usar a tecnologia para fazer diferente nhar ecossistemas de raiz, o que nunca aconteceu. Até agora, os ecossistemas foram sempre consequência do que são as várias empresas a competir. Mas vamos poder criá-los by design, definir a regulação e só a seguir é que as empresas vão competir entre si, tentando a sua sorte. Para o fazer, têm de perceber bem em que ecossistema estão a trabalhar e como é que ele pode evoluir”. Tendo em conta esta visão, dentro de um ano ou dois, espera ter “exemplos que começam a olhar para a transformação da cadeia de valor e o desenho do ecossistema, em particular os ecossistemas auto-executáveis. A tecnologia por detrás disto chama-se web3 e já não blockchain e a abordagem chama-se tokenização. Está na altura de começarmos todos a pensar nisso, porque as oportunidades são inúmeras, tal como quando nos anos 90 aconteceu com a web”. Por isso, recomenda que se estudem os casos, mas com a “mente aberta à mudança, porque o que aí vem é excitante”.• Ana Sofia Cardoso e Pedro Guerreiro, jornalistas da CNN Portugal, foram de novo os hosts desta 2ª edição do EVOLVE https://bit.ly/47mXWHV https://bit.ly/47nQZXj https://bit.ly/47nR8Kl 37
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