66 “Precisamos de mitigar o estigma que ainda envolve a saúde mental, de agir contra a incapacidade de falar sobre este assunto”, argumenta Carlos Oliveira, presidente da Fundação José Neves
cidadania 29KFJN a “senha” da Fundação José Neves para a saúde mental Parece um código e em certo sentido não deixa de ser. Porque como todos os códigos, esta combinação de letras e números serve para dar um acesso. No caso, 29KFJN introduz-nos no programa de desenvolvimento pessoal da Fundação José Neves, cujo foco é a saúde mental. TEXTO DE TERESA RIBEIRO FOTO CEDIDAS A designação 29k é a do programa original, de origem sueca, que foi criado para levar a todos, através de uma app gratuita – disponível tanto no sistema operativo IOS, como em Android – um curso de desenvolvimento pessoal. O conteúdo desse programa é baseado em técnicas como a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Teoria de Aceitação e Compromisso, cientificamente validadas. Compreende vídeos, meditações e exercícios e conta com a colaboração de embaixadores da app, figuras públicas que participaram neste curso e se disponibilizaram para partilhar a sua experiência, contribuindo para desmistificar um assunto, em torno do qual ainda existem muitos preconceitos. Com a discussão sobre o aumento dos problemas de saúde mental, impulsionado pela pandemia, particularmente entre os jovens, a fazer manchetes nos jornais nacionais, a Fundação José Neves interessou- -se em trazer este programa para Portugal: “Precisamos de mitigar o estigma que ainda envolve a saúde mental, de agir contra a incapacidade de falar sobre este assunto”, argumenta Carlos Oliveira, presidente da fundação, explicando que além de captar utilizadores, a iniciativa pretende contribuir para a desmistificação do tema. Adaptado para a língua portuguesa, ao programa 29KFJN já aderiram mais de 60 mil pessoas, uma marca considerada por Carlos Oliveira “muito positiva”: “Já registámos mais de 60 mil meditações, mais de 70 mil atividades, mais de 40 mil testes, mais de 56 mil lições dos cursos”, detalha com entusiasmo. Por questões de privacidade o 29KFJN não faz trakking de informação: “Queremos mostrar a quem decide fazer o programa que este é um espaço seguro, onde a recolha de dados é mínima e totalmente controlada pelo utilizador”, explica o presidente da Fundação José Neves. Por este motivo não é possível apurar quais os perfis que maioritariamente se inscrevem no 29KFJN, nem o impacto que o programa tem nos seus frequentadores. Por enquanto só o feedback que estes deixam na app, num espaço criado para o efeito, pode dar uma ideia sobre os resultados obtidos no decurso desta experiência em termos de autoconhecimento, crescimento pessoal e bem-estar psicológico. Num terreno onde a confiança é fundamental, as métricas poderão, segundo Carlos Oliveira, ser feitas mais tarde, com validação científica. Por enquanto, o objetivo é conquistar cada vez mais utilizadores, nomeadamente entre as camadas muito jovens (existe um segmento do programa inteiramente dedicado à faixa etária compreendida entre os 15 e os 20 anos) e esperar que as várias ferramentas que este programa disponibiliza façam a diferença. No comunicado que a Fundação José Neves divulgou no lançamento do 29KFJN, lê-se: “Acreditamos que o desenvolvimento pessoal tem o poder de mudar e transformar o mundo. É por isso que a dimensão humana está inscrita na fundação desde o primeiro momento, no seu quarto pilar. A pandemia só veio demonstrar a importância do autoconhecimento para atingirmos todo o nosso potencial e alcançarmos uma vida plena, feliz e equilibrada”. A semente está lançada.• 67
