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COMUNICAÇÕES 245 - O Ímpeto Reformista de Pedro Tavares

Fomos ver o que está a acontecer na Justiça, num À CONVERSA com o secretario de Estado da Justiça. À frente de uma das áreas mais difíceis há um ano, Pedro Tavares diz que o dinheiro do PRR dá ao país uma oportunidade única. E são muitas as mudanças em curso, através do digital e da tecnologia, com os desafios a atropelarem-se todos os dias. E está preparado para a tarefa hercúlea. O novo ChatGPT está EM DESTAQUE, já que veio provocar um terramoto na IA, com a análise de quem está dentro do tema. Há um NEGÓCIO que promete revolucionar tudo nos media: falamos da web3. No MANAGEMENT, fica claro que a procura de talento vai aumentar e que os profissionais têm menos vontade de mudar, apesar de estarem mais insatisfeitos do que nunca. Fomos ainda fazer 5 PERGUNTAS a Nuno Silva, o novo head of Hybrid and Multi-cloud da Devoteam. E convidámos Bruno Santos, executive director da Capgemini Engineering, para o ITECH.

apdc news 48 APDC & VdA

apdc news 48 APDC & VdA | DIGITAL Union: Inteligência Artificial Estratégias à prova de futuro Ninguém tem dúvidas sobre a aceleração das soluções de IA e do seu impacto em todas as áreas. Bruxelas está a tentar tomar a dianteira, criando um quadro regulatório comum que garanta segurança, confiança e soluções centradas nas pessoas. Texto de Isabel Travessa “A inteligência artificial (IA) é a tecnologia que está, talvez, mais na berra, a sofrer maiores evoluções e a ser mais utilizada” e o caso recente da Microsoft, que investiu 10 mil milhões de dólares na OpenAI, o projeto criado por Elon Musk e Sam Altman, que desenvolveu o ChatGPT, um chatbot de IA que responde a quase tudo o que é perguntado, exemplifica-o bem, como destacou Fernando Resina da Silva, Sócio da VdA, na abertura da 6ª sessão da Digital Union, uma parceria da APDC com a VdA para analisar o que de mais relevante está acontecer na união Europeia em termos de regulação e de evolução tecnológica. E Bruxelas está a fazer uma aproximação à IA, com uma proposta de regulamentação comum, que crie segurança e dinamize a inovação, garantindo uma IA human-centric e de confiança. Mas há ainda um longo caminho até lá chegar, como começou por destacar Iakovina Kindylidi, international adviser Comunicações, Proteção de Dados & Tecnologia da VdA, que apresentou neste evento, que decorreu a 18 de janeiro, um youtu.be/fEcAHs7P2dU ponto de situação sobre a regulação da IA na UE. Na proposta apresentada em 2021 pela Comissão Europeia, o AI Act ou Regulamento de IA, até a definição do que se trata é complexa e demasiado técnica, tendo em conta que é uma tecnologia que se está a desenvolver com grande rapidez. Existem “problemas difíceis” por resolver e a proposta de Bruxelas, “apesar de prever muitas obrigações, não cobre todos os sistemas de IA”, pelo que na perspetiva da oradora, se trata “de uma lei horizontal e não para O quadro legal para a IA proposto por Bruxelas, ainda em discussão, para já não está a prever todos os sistemas de Inteligência Artificial. Na prática configura uma lei horizontal, não uma regulamentação destinada a um setor específico nenhum setor específico, não tendo como objetivo regular a IA como um todo”. “Em qualquer caso, a proposta ainda está a ser discutida e considerando o nível de criticismo, deverá demorar até se obter o documento final, embora se esperem desenvolvimentos em 2023. As empresas terão algum tempo para se adaptarem – 20 meses – a partir da entrada em vigor”, explica. Por isso, defende que “as empresas devem atuar proativamente, preparando desde já uma estratégia de IA. Tal como se fez no RGPD, poderão beneficiar dos efeitos positivos em termos de reputação, mostrando que estão de acordo com as regras”. Até porque “não há balas de prata quando se trata de IA. As empresas precisam de introduzir uma estratégia clara para os dados, para ter uma melhor visão do negócio, do próprio algoritmo e da responsabilidade”. No período de debate que se seguiu, moderado por Sandra Fazenda Almeida, diretora executiva da APDC, e por Tiago Bessa, sócio da VdA, ficou claro que tanto as empresas locais, como as globais, estão atentas aos desenvolvimentos e aplaudem as intenções e objetivos. Mas, em termos legais, as novas regras e obrigações representam um grande desafio para todos tendo, para já, de preparar uma estratégia de IA que responda ao quadro legal atual e que seja “à prova de futuro”. Rui Lopes, CEO da AgentifAI, uma startup bracarense focada em IA, entende que as propostas de Bruxelas têm a ver com “uma normal regulação que precisa de ser implantada, quando temos uma tecnologia tão poderosa, que pode impactar a vida das pessoas”. Embora tenha algumas preocupações, defende que, tal como aconteceu com o RGPD, o mercado se vai adaptar bem. Até porque a regulamentação é fundamental. “A tecnologia por si não é boa ou má, é o que as pessoas fazem dela. Precisamos de estar certos de que temos

Fernando Resina da Silva, Sócio da Área de Comunicações, Proteção de Dados & Tecnologia, sócio responsável da Área PI Transacional, VdA Daniele Quercia, Department head at Nokia Bell Labs and Cambridge & professor of Urban Informatics at King’s College London Sandra Fazenda Almeida, Diretora executiva, APDC (moderação) Iakovina Kindylidi, International adviser Comunicações, Proteção de Dados & Tecnologia, VdA Rui Lopes, CEO, AgentifAI Tiago Bessa, Sócio da Área de Comunicações, Proteção de Dados & Tecnologia, PI Transacional, VdA (moderação) regulação para evitar que os atores maus abusem e impactem de forma negativa a sociedade”, salienta. No caso de uma multinacional como a Nokia, Daniele Quercia, department head da Nokia Bell Labs e Cambridge & professor of Urban Informatics at King’s College London, também considera o AI Act “um grande passo e uma grande proposta”, que está a ser seguido com muita atenção pelo grupo, porque representa uma grande oportunidade para a Europa ganhar uma vantagem competitiva face a outras regiões. Questionado sobre se fará sentido para um player global, como o grupo, ter o AI Act global ou apenas ao nível europeu, diz não ter dúvidas de que “uma empresa que é global precisa de se adaptar a cada mercado local. Tão simples como isso”. Mas, a “boa notícia é que se a UE está a ir mais longe, significa que podemos operar com as mesmas regras em todos os mercados europeus”. A AgentifAI é um claro exemplo de A expetativa é que tal como aconteceu com o RGPD, o mercado se vai adaptar bem à legislação que vem aí, até porque existe, por parte dos players, a consciência de que a regulamentação destas novas tecnologias é fundamental. Só um enquadramento legal adequado defenderá o mercado do aproveitamento negativo do pontencial oferecido pela Inteligência Artificial que a inovação made in Portugal dá cartas também na IA. Inspirando-se num filme da Disney e na personagem Baymax, um robô assistente de saúde pessoal que se torna um super-herói, a startup desenvolveu a Alice, uma assistente digital de IA que interage com os consumidores, com diálogos inteligentes para a realização de tarefas. A solução já está implementada no setor bancário e acaba de ser lançada no setor da saúde, mais concretamente em todas as unidades do grupo Lusíadas. Rui Lopes refere que foram necessários seis anos para se alcançarem os resultados pretendidos, de “fornecer não só conveniência, mas também inclusão e acessibilidade”, ou seja, de “humanizar a experiência, na medida em que o desenvolvimento tecnológico o permita”. É que os exemplos do mercado muitas vezes têm como driver a automação e não passam de dumb machines para as quais os utilizadores não têm qualquer tolerância.• 49

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