itech 40 Bruno Santos No princípio era o ZX Spectrum… Como tantos da sua geração, Bruno Santos, o executive director da Capgemini Engineering Portugal, despertou para a vida quando a tecnologia se massificou. Quando deu por isso já tinha alma de engenheiro. O resto veio com o tempo. Texto de Teresa Ribeiro | Fotos de Vítor Gordo/Syncview Os verões eram intermináveis, duravam mais de dois meses. O que valeu a Bruno e aos primos, com quem se juntava em S. Pedro de Moel, às vezes na Nazaré, foi aquele bicho, na época muito popular, chamado ZX Spectrum. Antes e depois da praia queimavam o tempo assim: “Às vezes demorávamos mais a tentar jogar do que a jogar (risos), porque era frequente aquele processo de mudar as cassetes dar erro”, recorda. Jogavam Pacman, Pong, diversas versões de jogos de futebol e a tarde esgotava-se, sem que dessem por isso. Tinha não mais do que 13, 14 anos e essa – chamemoslhe – iniciação inoculou- -lhe o bicho da tecnologia. No secundário decidiu enveredar por uma corrente mais tecnológica: “Tive a sorte de, na escola que frequentava, haver um programa virado para a eletrónica, com uma disciplina que tinha uma vertente muito prática de construção de pequenos dispositivos de eletrónica”. Diz que foi aí que começou a sentir o desejo de se tornar engenheiro: “Queria descobrir como se construíam circuitos integrados, que impacto é que tinha o desenho de determinado circuito”. Claro que acabou num curso de engenharia. Frequentou-o em Coimbra, área de Eletrotécnica e Telecomunicações. Teve a sorte de chegar a adulto sem nunca ter sentido a angústia de não saber o que queria fazer na vida e, cereja no topo do bolo, quando terminou o curso já estava a ser recrutado pela Accenture. Apesar de se ter preparado para desenvolver atividade como engenheiro, a carreira acabou por conduzi-lo à consultoria. Depressa aprendeu os encantos dessa função: “A grande vantagem da consultoria é estarmos constantemente a explorar novos produtos e novos serviços à volta desses produtos. Há sempre coisas novas para fazer”. Quis depois ter uma experiência internacional, já ao serviço da Altran. Viajou muito. Acompanhou projetos na Europa, nos Estados Unidos, na América do Sul. Contactar com novas realidades motiva-o. Será mais simples dizer que tudo o que é novo estimula-o nesta atividade que escolheu para si. E fora das horas de serviço? Naturalmente continua mergulhado em tecnologia, a começar pela sua casa: “Tenho domótica no meu apartamento, com tecnologia KNX que me permite interligar a casa toda. Estão lá 5km de fios para garantir essa ligação. Qual a vantagem? Permite-me fazer coisas como desligar as luzes todas ao mesmo tempo, programar o aquecimento, fechar os estores automaticamente. São funcionalidades que usamos todos os dias”, explica. É casado, tem uma filha de oito anos, a quem está a incutir o gosto pela tecnologia. Já lhe ofereceu um robot que a segue pelo apartamento e a ensina a programar. Os seus esforços, ao que parece, estão a dar frutos. Entre os devices que Bruno Santos tem em casa, estão uns óculos que lhe permitem fazer umas passeatas pelo mundo virtual. Não é só a curiosidade que o move. Profissionalmente, o tema da IA é crítico: “Na Capgemini, temos estado a fazer algumas experiências. Até já realizámos uma ação de recrutamento no Metaverso. Tivemos bastante adesão”, partilha. Sobre todas estas novas tecnologias, que estão a agitar o setor digital, fala com prudência: “Haverá coisas que vão avançar a um ritmo muito rápido, como o ChatGPT, e outras que vão abrandar, como, por exemplo, a condução autónoma, que criou muitas expetativas e agora não está a evoluir tanto como se esperava”. Para ele, a palavra de ordem, nestes casos, é “explorar”. Estudar os use cases e avaliar o real impacto que estas inovações terão na vida das pessoas. Porque, na sua ótica, a tecnologia serve, sobretudo, para nos ajudar a viver melhor. Nem mais, nem menos. Se lhe perguntarmos pelo que realmente o apaixona, responde que é a possibilidade de converter coisas antigas em modernas através da tecnologia. Exemplos? A sua mota, um modelo de 1982 que foi reconstruído e interligado por bluetooth, de modo a permitir-lhe, através do telemóvel, fazer o trakking de todos os percursos e do consumo. E também o gira-discos antigo que ligou a um amplificador novo por bluetooth. Haverá um hobby mais adequado para quem nasceu com alma de engenheiro?•
Quanto a portáteis, Bruno Santos diz que não é esquisito. A empresa renova- -os com muita frequência e ele aprendeu a adaptar-se a qualquer modelo, de qualquer marca Aderiu ao iPhone há muitos anos, mas não faz questão de andar com o último modelo, como é o caso agora. O seu iPhone 12 fá-lo muito feliz Nos momentos de lazer consulta no telemóvel os seus grupos de Whatsapp, as cotações da bolsa e ouve muitos podcasts, sobretudo quando está ao volante 41
Loading...
Loading...
Loading...