a conversa Um dos principais problemas da Administração Pública é o facto de a velocidade com que queremos concretizar medidas políticas não corresponder à forma como as pessoas são capazes de as cumprir. Consequência? Criam- -se as medidas ao nível dos gabinetes, mas as pessoas não sentem as medidas como delas. Não se apropriando, as mudanças em curso morrem quando muda o Governo, ou às vezes, até antes de mudar o Governo 16
privado, foi diretor de marketing em diferentes empresas de tecnologia, como a Vision-Box, a PHC Software e a GFi Portugal. No seu currículo frenético conta ainda a criação de uma startup na área de tecnologias interativas. Na Justiça, quer ter impacto e parece reunir as características certas para isso. Tem um misto de espírito de sacrifício – que se revela, entre outras coisas, na disciplina férrea com que pratica exercício físico, se for preciso às seis da manhã ou às onze da noite – e criatividade – está sempre aberto ao que é novo, ao que pode fazer diferente, nomeadamente através das tecnologias digitais. A sua curiosidade e energia são reconhecidas por todos. Quem entra no moderno hub da Justiça, no Parque das Nações, tem um estranho sentimento de descontração e até leveza, mas Pedro Tavares sabe que tem pela frente muitos obstáculos para conseguir mexer no mastodonte estatal. “Os desafios são grandes, temos muita coisa a melhorar, mas acredito que vamos conseguir”, afirma, olhos nos olhos, porque nem as maiores contrariedades desencorajam neurónios e convicções inabaláveis. Para implementar todas as reformas, depara-se com um grande senão: a cultura interna da Administração Pública. Como outros, provavelmente estará a ver-se aflito para mudar o statu quo vigente, embora nunca o afirme taxativamente. Prefere formular desta forma: “Estamos a envolver as pessoas em múltiplas frentes, é assim que conseguiremos fazer as mudanças”. Diz, quem o conhece, que Pedro Tavares é um fazedor, sofre quando não consegue concretizar os projetos, e tem pouca destreza para jogadas palacianas. Gosta de lidar com os problemas de frente. “É isso que pretendo fazer aqui”, afirma, em jeito de aviso, num tom profundamente entusiasmado. Ele quer colocar a ação e a missão à frente de tudo, criando valor, através de ferramentas inovadoras – e digitais. Com sentido de serviço público, acredita, com todo o otimismo, que as medidas que estão a implementar irão ecoar na vida do cidadão comum. Se conseguir, será uma proeza para uma área que há muito precisa de ser reformada. Apetece dizer: boa sorte, senhor secretário de Estado. 17
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