a conversa 14 “O propósito é uma das coisas mais importantes na minha vida. Todos os desafios que abracei, fi-lo porque havia um desígnio naquilo, porque valia a pena”
No gabinete envidraçado do Espaço Hub da Justiça, em Lisboa, onde recebeu a APDC, Pedro Tavares confessa que tem poucos momentos de solidão. Há precisamente um ano como secretário de Estado da Justiça, os desafios atropelam-se todos os dias. Sentado numa das cadeiras da sala de reuniões – “todas as cadeiras têm de ser desconfortáveis, para que ninguém se acomode” – ele revela as suas intenções sem muitas cerimónias. “Mesmo com muito caminho já percorrido, queremos revolucionar a Justiça”. A frase de Pedro Tavares provavelmente soaria melhor se tivesse saído da boca de Richard Branson, fundador da Virgin, ou mesmo de um CEO de uma startup portuguesa com agilidade para mudar as vezes que forem precisas. Vinda de um secretário de Estado de um das pastas mais pesadas do país, a afirmação parece uma bravata. Mas Pedro Tavares fala a sério. Não se mostra atemorizado pela tarefa hercúlea, apesar de reconhecer a tremenda responsabilidade que tem em mãos. E, reservadas as dificuldades inerentes ao desafio, por que deveria? Num período em que há 267 milhões do PRR para reformar a Justiça, com o foco na transição digital, Pedro Tavares quer mostrar que é possível deixar uma marca revolucionária no setor, mesmo que o ambiente seja hostil, mesmo que haja tanto caminho para percorrer. A garantia foi dada à APDC, repetidas vezes, nas duas horas que passámos com ele, em que relatou com entusiasmo contagioso como pretende gerir a empreitada. O seu percurso profissional foi rápido, em projetos radicalmente diferentes entre si, porque sempre alimentou a liberdade – mais do que isso, a ousadia – de fazer o que gosta. No setor público, desempenhou, desde 2003, várias funções centradas na modernização do Estado, inovação e governação aberta e participada. Foi coordenador da Estrutura de Missão para a Expansão do Sistema de Informação Cadastral Simplificado – eBUPi desde 2020, e foi este desafio que lhe trouxe verdadeira visibilidade. Trabalhou com a anterior secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, e também no gabinete da ministra Francisca Van Dunen, de 2015 a 2018. Ainda no setor público, passou pelo Turismo de Portugal (2009-2011), pela AMA – Agência para a Modernização Administrativa (2006-2009), e pela UMIC – sim, foi um dos pupilos de Diogo Vasconcelos. No setor 15
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