70 “Há um propósito muito verdadeiro que se pretende passar com este projeto”, afirma Margarida Nápoles, da NOS
cidadania Transformar o sonho em realidade A associação Ensico está, desde 2019, a fazer um trabalho de formiga, com o objetivo de introduzir a disciplina de computação no ensino básico. Este ano ganhou um parceiro de peso, a NOS. E desta aliança resultou o projeto Zero1. Texto de Teresa Ribeiro Foto de vítor gordo/Syncview Ao abrigo do projeto Zero1, sete escolas (e, dentro destas, 18 turmas) estarão, durante este ano letivo, a introduzir o ensino da computação a crianças dos primeiros anos do ensino básico. É uma disciplina extracurricular, cujo nome assusta, pois costuma ser associado a uma linguagem muito hermética, a dos computadores, mas que está a ter muito sucesso junto dos seus jovens alunos. Esta aceitação não espanta aos professores que, através da Ensico – associação sem fins lucrativos criada para a promoção do ensino da computação no básico e secundário –, têm batalhado para divulgar as potencialidades do método que usam para ensinar esta disciplina. Inspirados num modelo que já é seguido com êxito no Reino Unido e nos Estados Unidos, os membros desta organização estimulam o pensamento computacional nas crianças, usando instrumentos tão simples como papel e lápis. Margarida Nápoles, diretora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da NOS, foi disso testemunha: “Vi numa escola de São João da Pesqueira crianças da 2ª classe a desconstruir um QR Code no caderno”, comenta. Este método de ensino, tão inovador e tão simples, deixou-a rendida: “Há um propósito, muito verdadeiro, que se pretende passar com este projeto e uma paixão muito grande por parte das pessoas que o fazem. Isso é contagiante, passa para os outros.” No seu caso, sabendo que a NOS “acredita que pode ter um papel fundamental no combate à iliteracia digital”, associar-se a este projeto foi algo que lhe pareceu natural: “Isto foi claramente o cruzamento de vontades e de uma visão de futuro”, diz, empolgada. “Para nós é importante começarmos a formar muito cedo crianças e jovens para aquilo que acreditamos serem as competências do futuro”, acrescenta, para logo sublinhar: “Hoje já existe carência de talento nestas áreas, o que quer dizer que temos de começar cada vez mais cedo”. O Projeto Zero1 é assumido pela NOS como um processo: “Queremos acompanhar essas crianças que começámos a formar este ano. Esse é o nosso compromisso”. No total estão mais de 400 crianças envolvidas. Maioritariamente, pertencem a escolas que se encontram na região duriense, onde o abandono escolar precoce é superior à média nacional, como acontece em todas as regiões onde a agricultura é a atividade dominante. A escolha destas zonas, onde se identifica maior risco, não é feita por acaso. Pretende-se, nestes casos, usar os conhecimentos de computação para combater não só a iliteracia digital, mas também fomentar o amor ao conhecimento, já que estas aulas são divertidas e apelam à criatividade e imaginação. Desta forma, induz-se a resistência ao abandono escolar. Margarida Nápoles pôde observar in loco como é fácil seduzir crianças tão pequenas para esta área do conhecimento. Vê-los interessados a participar é a demonstração de que o futuro passa pelo ensino adequado destas matérias. As matérias sem as quais já não é possível ser bem-sucedido nos anos vindouros. Ciente disso, a ambição da NOS, segundo Margarida Nápoles, é “impactar 10 mil pessoas, entre jovens e adultos, com competências digitais” nos próximos dois anos, planos que não passam unicamente pela parceria com a Ensico, já que a operadora tem mais projetos a correr no âmbito da inclusão digital. Mas isso já são outras histórias.• Reveja aqui a conferência da ENSICO e APDC organizada em março 2022: bit.ly/3igthZl 71
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