a conversa 18 por estar aquém daquilo que é a solução ótima. A partir daí, analisámos as várias componentes da engenharia e, basicamente, houve uma refundação dos serviços da rede, com base em sete lotes. Estavam todos agregados e houve que partir, trazer para o Estado o papel da gestão e da operação – a soberania da rede faz-se através dessa função – e que garantir a transformação do que, em cinco anos, faz sentido assegurar, conferindo maior largura de banda à rede para ela poder acolher, de forma mais eficiente, outras tipologias de serviços, como imagem e vídeo. O primeiro lote foi atribuído à Motorola para o sistema TETRA (Terrestrial Trunked Radio), não é? Que é uma rede privada… São os PPDR ou Public Protection & Disaster Relief Systems. Para avançar com outro tipo de serviços é necessário entrar noutras tecnologias, além do TETRA… Sim, mas vamos ter uma fase em que estas tecnologias vão conviver com o TETRA. Neste processo de transição existe necessariamente o optin de uma tecnologia e o optout de outra. É isso que estamos a procurar alinhar. No início desta mudança de paradigma e da evolução do TETRA para a banda larga, o que fizemos foi estudar os relatórios e os casos de estudo. Além da evolução tecnológica, apontava-se para o facto de a gestão da operação da rede poder ser otimizada, mas se a utilização da rede não for a melhor, esta torna-se “sub-ótima”. Por isso, é necessário insistir na formação dos utilizadores, pelo que criámos a Academia SIRESP para, de forma modular e integrada, permitir à comunidade de utilizadores melhorar a utilização operacional da rede. Quando arrancou? A academia foi anunciada em maio. Não tivemos logo inscrições porque estávamos em cima da época de incêndios florestais, mas, mesmo assim, decidimos organizar, no início de junho, um evento agregador, não só de aproximação à comunidade de utilizadores, mas também à comunidade de fornecedores de serviços. O SIRESP Tech Days foi inovador, não só no seu formato e conteúdo, mas porque a maior parte das entidades envolvidas não tinha ainda participado neste tipo de iniciativas. Reunimos as empresas, que desenvolvem as tecnologias e os grandes utilizadores da rede, como a ANEPC, PSP, GNR, INEM, Polícia Judiciária e até as câmaras municipais. O que procurámos fazer foi, de forma transparente e aberta, estimular esta relação. Correspondeu às expectativas? Foi muito positivo. Centrámo-nos muito no futuro, no que era, no que é e no que se perspetiva venha a ser a rede SIRESP. Refletimos sobre a implementação do portfolio de serviços existentes e a desenvolver, sobre o serviço que prestamos à comunidade e sobre o projeto da Academia SIRESP. Geraram-se discussões muito interessantes e relevantes. Depois promoveram, nos Açores, o SIRESP Bootcamp… Sim, a ideia foi materializar uma iniciativa sobre dois pressupostos: desenvolver competências e operacionalizar soluções. Se o primeiro evento tinha sido conceptual, de discussão, este tinha de ter um efeito prático. Elegemos um cenário ajustado à realidade dos Açores (evento sismo-vulcânico). Um dos objetivos era levar as pessoas a perceber como é que as suas capacidades se podiam interligar num cenário de emergência. Tivemos muita recetividade. Formámos mais de 100 pessoas, estiveram presentes todas as corporações de bombeiros das ilhas do arquipélago. A meio, tivemos um seminário, convidámos a nossa congénere espanhola (SIRDEE), abrimos o evento com um astronauta, Daniel Oliva, um space walker. Ele via as comunicações críticas do espaço. Foi muito inspirador. Organizámos um fim de tarde de inovação, para o qual convidámos startups dos Açores para fazerem apresentações de projetos na área da emergência e da segurança, tanto quanto possível ligados à área das comunicações. No dia seguinte, dedicado à interoperabilidade, convidámos empresas para trazer os seus produtos e os colocarem em funcionamento com a rede SIRESP. Desde bolhas LTE/5G até IA, sensores e drones aplicados à vigilância de áreas geográficas, houve um pouco de tudo. Foi extraordinário! Os Açores têm uma rede própria de sistemas de emergência… Sim, a RITERAA – Rede Integrada de Telecomunicações de Emergência da Região Autónoma dos Açores. O objetivo primário deste evento era garantir que tínhamos a capacidade para garantir a interoperabilidade entre redes de emergência. Fomos mais longe. Convidámos as Forças Armadas, que trouxeram os seus meios rádio. Criámos um integrador, uma espécie de “cubo mágico”, construído com base em diferentes interfaces. Conseguimos interligar todas as redes via IP (que é o futuro da rede SIRESP), através de Radio over IP (RoIP). De resto, este é um desafio que vamos lançar também à comunidade de rádio amadores na próxima edição do bootcamp, em março, na Madeira. Se ocorrer uma situação de catástrofe, em que não exista mais nenhuma rede, só rádio amadores, estes transformam-se em “salva vidas globais”. Por isso, já decidimos que vamos tentar criar uma interface que permita fazer com que os rádio amadores funcionem de forma integrada com a rede SIRESP, construindo assim uma rede de contingência, quase ad hoc. Ou seja, vamos ter uma conetividade praticamente global.
“Esta rede deve ser virtualmente indestrutível, para se cumprir a (sua) finalidade” No fundo, o que está a tentar criar é um ecossistema em torno da rede SIRESP, com todos os intervenientes da cadeia de valor. É. Isto tem mesmo de ser visto assim: é um ecossistema. Esta rede deve ser virtualmente indestrutível, para se cumprir a sua finalidade. Precisa de múltiplas resiliências e redundâncias de transmissão. A rede SI- RESP, dentro dela própria, já tem robustez suficiente para garantir muita disponibilidade e resiliência, mas, com esta estratégia, a resiliência vai aumentar significativamente. A decisão anunciada recentemente pelo governo de agregar a rede do SIRESP com as redes militares vai no mesmo sentido… Sim. Já existia um objetivo político de assegurar a interoperabilidade e a convergência destas redes em situações de contingência, mas esta experiência tornou-o mais visível. Julgo que provocou a ignição que levou à convergência de vontades. Em 2017, muitas pessoas que estiveram no terreno queixaram-se de que, em várias zonas, não havia rede. Criar este ecossistema é extraordinário, mas se, no caso dos incêndios florestais, muitas das zonas que estão a arder não têm rede, este esforço revela-se inútil. Como encara o problema? A rede SIRESP aprendeu muito com estas catástrofes. Nessa altura, muitos dos cabos de circuitos terrestres que interligavam as estações celulares, responsáveis por assegurar a cobertura do país, não estavam enterrados. Além disso, não havia redundância satélite. Neste momento não é assim. A grande maioria dos circuitos estão enterrados e todas as estações da rede SIRESP têm redundância satélite. Em caso de interrupção ou degradação do sinal do circuito terrestre, o terminal satélite coloca a estação base em rede, independentemente do que estiver a acontecer à sua volta. Portanto, está a dizer que, numa emergência semelhante, isto já não aconteceria? Não aconteceria. No verão passado, nos incêndios de Leiria, muita gente disse que a rede falhou outra vez. Depois, os vossos serviços esclareceram que a origem do problema foi a má utilização da rede, situação que também é preocupante... No verão estivemos de prevenção. Fui a vários briefings no Centro de Coordenação Operacional da Proteção Civil. Diariamente produzíamos recomendações sobre como melhorar a utilização operacional da rede. A rede 19
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