66 “Nós, portugueses, somos bons a gerir problemas complexos e unimo-nos quando temos de nos unir”, reconhece, emocionado, Hugo de Sousa, o fundador de We Help Ukraine
cidadania E os portugueses disseram “presente” Quando começaram a passar nas televisões as primeiras imagens da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Hugo de Sousa sentiu que não podia ficar impassível, a assistir. Num impulso, foi ao LinkedIn e desafiou a sua rede de contactos para construir um portal que ajudasse as vítimas da guerra. Chamou-lhe We Help Ukraine. TEXTO DE TERESA RIBEIRO FOTO DE VÍTOR GORDO/ SYNCVIEW A trabalhar há quase duas décadas na área das TIC, Hugo sabia que tinha a possibilidade de mobilizar gente capaz de fazer o milagre de pôr online, em tempo recorde, o site que imaginou. E foi o que aconteceu: “Criou-se um movimento que reuniu cerca de 300 pessoas em três dias”, recorda, emocionado. Os primeiros a aderir foram a gente do seu meio: “Paulo Rosado, CEO da Outsystems, associou-se desde o primeiro dia, assim como a sua equipa, que ajudou com a conceção do software. Depois juntaram-se a Microsoft (que apoiou na gestão de dados) e a Deloitte”, conta. A ideia era construir uma plataforma a que as vítimas da guerra pudessem recorrer em busca de auxílio, ao nível de transportes, alojamento, fornecimento de géneros e também aconselhamento e apoio jurídico. O projeto, que também contou desde o início com o apoio de Isabel Jonet, presidente e fundadora do Banco Alimentar, deu nas vistas. Três dias depois de ter ficado operacional, o We Help Ukraine recebia um elogio, gravado em vídeo, do próprio Presidente da República. Numa breve declaração, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a solidariedade dos portugueses que, “quando é preciso, unem-se”, encorajando muitos mais a colaborarem no movimento que então se gerou. “Com este comentário, ele acabou por ser o nosso principal patrocinador, confirmando aquilo que já sabíamos: que nós, portugueses, somos bons a resolver problemas complexos e unimo-nos quando temos de nos unir”, comenta o fundador do site. Era a primeira vez que Hugo de Sousa se envolvia em trabalho voluntário e o mesmo aconteceu com muitos outros que se juntaram ao We Help Ukraine: “Todo este projeto foi uma grande escola de gestão, inovação e tecnologia. Começou por ser uma ocupação a tempo inteiro. A nossa fome e o nosso sono desapareceram. A prioridade era trabalhar para ajudar”, admite. Para levar esta iniciativa a bom termo, Hugo de Sousa diz que foi imprescindível o know-how de Isabel Jonet: “Diria que ela foi a madrinha do nosso projeto em termos de organização”, elogia. À medida que os dias se foram somando, muitos mais se juntaram à iniciativa. Gente com os mais variados perfis, de estudantes universitários a desempregados, passando por freelancers. Mas além dos que se disponibilizaram para colaborar na logística da organização, muitos outros participaram, aos mais diversos níveis: “Tivemos mais de seis mil pessoas a fazer ofertas, desde alojamento a transporte e apoio psicológico, a tradução e aulas de português”, refere Hugo de Sousa. A procura de apoio foi equivalente: rondou os seis mil pedidos. Trabalhando para melhorar a qualidade da resposta, Hugo sonha em ver esta plataforma a funcionar, de futuro, no apoio a outras situações: “Não havia no país nada que se assemelhasse a este site e seria uma pena que tudo isto, depois desta guerra, fosse atirado para o lixo. Quando é necessário fazer esforços civis em escala, o Estado não tem capacidade para se organizar em tempo útil, por isso esta plataforma deve manter-se, passar a chamar-se simplesmente We Help e ficar à disposição das pessoas. Quando acontecer um terramoto, um tsunami ou outra crise de refugiados, o projeto poderá ajudar e fazer a diferença”. Incubada na associação Entrajuda, We Help Ukraine continua a fazer o seu caminho. Enquanto houver refugiados ucranianos a precisar de apoio.• 67
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