a conversa “Faz-me impressão que o essencial das verbas da digitalização não esteja ao serviço da economia e da sua modernização, mas seja quase totalmente canalizado para a Adiminstração Pública sem que exista uma métrica que seria importante conhecer” 24 Pois, não está previsto, ao contrário de Espanha que realizará, através do PRR, um grande investimento nesta área. Em relação à utilização do PRR tenho uma divergência de fundo: num país onde o setor privado representa 80% do PIB, 80% do emprego, 80% do valor acrescentado da nossa economia, é injusto que dois terços do PRR sejam dirigidos para as administrações do Estado. Uma coisa é a digitalização, outra é um upgrade informático. A primeira, transforma. A segunda apenas moderniza por uns anos, e a mim faz-me impressão que o essencial das verbas da digitalização não esteja ao serviço da economia e da sua modernização, mas seja quase totalmente canalizado para a Administração Pública, sem que exista uma métrica que seria importante conhecer. Não se colocam milhares de milhões de euros na modernização digital da AP sem que saibamos qual o resultado: o tempo que vou poupar, os processos que serão simplificados. Em países como a Grécia e a Itália vejo essa preocupação em medir resultados. Para acreditar na digitalização, tenho de perceber o seu efeito. No anterior executivo foi a primeira vez que se juntou a economia com o digital. Preocupa-o que tenha sido retirada a secretaria de Estado do digital do ministério da Economia? Tenho consideração pelo anterior secretário de Estado e tenho consideração pelo novo. O anterior era uma das poucas pessoas no governo que tinha currículo nas empresas, provado e comprovado, e não um currículo de partido. O novo secretário de Estado é um dos portugueses que chegou mais longe na Comissão Europeia e tenho bastante respeito pelo mérito profissional. O problema da Secretaria de Estado do Digital é curioso, porque quem tenha passado pelo governo sabe que as direções gerais com quem tem de trabalhar estão noutros serviços ou empresas do Estado. Senti sempre que a Secretaria de Estado da Administração Digital andava a bater à porta dos outros ministérios. O Estado é muito corporativo. Se esta mudança representar mais poder de impulso para as reformas que são importantes para fazer funcionar a economia digital em Portugal, encantado. A proximidade com o Primeiro Ministro deve querer dizer que ele percebeu que o problema com o secretário de Estado da Administração Digital num ministério setorial é que não tem competências e atribuições orgânicas e portanto não desenvolve.
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