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COMUNICAÇÕES 240 - Fernando Alfaiate: o homem do PRR

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portugal digital 42 Figuras fundamentais do Sistema Nacional de Inovação, os centros tecnológicos têm conquistado, nos últimos anos, uma importância acrescida e amplamente reconhecida. Atualmente, assumem um papel ímpar no que toca à valorização, circulação e transferência de conhecimento e tecnologia. São infraestruturas de apoio às capacidades técnicas e tecnológicas de vários setores de atividade industrial e fomentam a difusão da inovação, promovendo o aumento da competitividade setorial, através de um conjunto muito alargado de serviços. Existem sete centros tecnológicos com atividade em Portugal, cujas sedes se encontram localizadas no norte e no centro do país. Constituídos entre 1985 e 1992, são associações privadas sem fins lucrativos e atuam nos setores da metalomecânica, dos moldes, dos têxteis e vestuário, da cortiça, do calçado, da cerâmica e vidro e do couro. No Mapeamento das Infraestruturas Tecnológicas 2020, efetuado pela Agência Nacional de Inovação, solicitou-se aos centros tecnológicos que identificassem as principais atividades desenvolvidas e que lhes atribuíssem uma ordem de importância. É interessante verificar que consideraram como mais relevantes as iniciativas de intelligence, antecipação tecnológica e vigilância de oportunidades de mercado, de marketing tecnológico e de apostas tecnológicas. Braz Costa, diretor-geral do CITEVE - , não poderia estar mais de acordo: “O nosso trabalho é a antecipação! É tentar perceber o que será necessário num futuro próximo. É um exercício difícil, pois antecipar quer dizer trabalhar em algo para o qual ainda não há cliente e dinamizar, exortar, sensibilizar é algo que ninguém paga... Mas temos conseguido fazer um bom balanço e atingir objetivos na área da antecipação e da investigação precompetitiva, que nos permitem criar soluções rápidas e atempadas para os desafios que são colocados às empresas”. MODELO? SÓ NA PASSERELLE A referência bem humorada de Braz Costa a propósito da qualificação do CITEVE como centro exemplo não contraria o facto de, tanto o CITEVE como o CTCP (Centro Tecnológico do Calçado de Portugal) serem unanimemente considerados referências nacionais e internacionais. Com um histórico de atividade de mais de trinta anos, são responsáveis pela dinamização de dois setores com uma enorme tradição e que se tocam em muitos aspetos. Constituídos essencialmente por pequenas e médias empresas, é no cariz familiar que encontram uma força distintiva. “Lembro-me de me “O nosso trabalho é tentar perceber o que será necessário num futuro próximo”, afirma Braz Costa, diretor-geral do CITEVE perguntarem, um dia, no Parlamento Europeu: ‘A que se deve o vosso êxito?’”, recorda Braz Costa. “E eu respondi: à capacidade de reagir às adversidades. É um setor que está para morrer desde sempre e que em todas as décadas tem um problema para resolver. Isso acaba por moldar o barro de que são feitas estas pessoas: vergam, mas não partem”. E acrescenta: “Tenho a certeza que se as empresas pertencessem a fundos de investimento, já tinham fechado. Não fecharam, pois pertencem a famílias e as famílias têm vergonha na cara. Oiço muita gente dizer: ‘Só quando não tiver nem mais um tostão é que largo a minha empresa...’ ou ‘Não vou fazer nada contra a memória do meu avô ou contra os meus funcionários, que eram os meus colegas na escola primária’. Isto acaba por ter uma influência muito positiva na maneira como as empresas se reinventam”. No entanto, esta dimensão agudiza a necessidade da existência destes centros. “Em setores de grandes empresas, elas têm os recursos humanos preparados para tudo e conseguem antecipar e preparar a mudança. Num setor de pequenas e médias empresas, como o do calçado, a inovação tem de ser fortemente induzida pelo exterior, por isso temos um papel muito importante no ajudar a que o futuro ocorra”, conclui Joaquim Leandro de Melo, diretor geral do CTCP. INVESTIGAR E FORMAR O CITEVE e o CTCP são centros muito ecléticos. Uma das suas áreas fundamentais é a da Investigação & Desenvolvimento. Anualmente, gerem inúmeros pro-

Sede do CITEVE, em Vila Nova de Famalicão: o futuro passa por aqui jetos e atividades orientados, quer para a criação de novas tecnologias e novos processos, quer para a conceção de novos produtos e novos materiais. Neste âmbito, a gestão de parcerias estratégicas é fundamental. Os laços de cooperação com a academia, com empresas de base tecnológica, mas também com fabricantes de bens de equipamentos, de materiais e componentes são chave para o sucesso desta área. “Nenhum centro é autónomo em tudo e, na área de I&D, ainda mais necessárias se tornam as parcerias. Temos de criar conhecimento e diferenciar a indústria pela inovação. Para tal, é muito importante assumirmos o papel de coordenação, de entidade que tem a confiança de todos os atores, que sabe dizer ‘não’ quando é preciso e que consegue dinamizar os vários intervenientes”, considera Joaquim Leandro de Melo. O responsável do CITEVE concorda e acrescenta: “Temos de oferecer serviços de resposta muito rápida e, para tal, temos de ter recursos internos para oferecer soluções às empresas, mas é fundamental estar com uma perna em cada lado: nas empresas e na academia. As pessoas que trabalham connosco têm de entender os dois mundos”. Como não poderia deixar de ser, a formação é vertente de atuação dos dois centros. Como o responsável do CTCP exemplifica, “se não tivermos um operador preparado para usar uma nova máquina, ela não terá os resultados que era suposto!”. Por isso, desenvolvem em permanência uma dinâmica atividade de qualificação, com a criação de inúmeros cursos e materiais de apoio para uma permanente atualização de conhecimentos do setor. O CITEVE criou mesmo a Academia CITEVE, iniciativa que agrupa os serviços e atividades orientados para o ecossistema da educação, qualificação e formação profissional. Da sua oferta constam ações de formação para quadros, formação avançada e à medida para as empresas, com ligação a parceiros estratégicos da esfera do ensino superior e politécnico. ENSAIAR E CERTIFICAR A área de controlo de qualidade é uma valência histórica neste tipo de centros. O CTCP, por exemplo, teve a sua origem num pequeno laboratório de controlo de qualidade criado em 1981. “As questões ambientais, de saúde e segurança são cada vez mais importantes e valorizadas pela sociedade. Para tal, temos de ter laboratórios de ponta para testar os materiais e os produtos fabricados”, refere Joaquim Leandro de Melo. No CTCP, realizam-se, entre outros, ensaios físicos, para avaliar a qualidade, desempenho, conforto e segurança dos materiais e produtos, ensaios químicos para determinar a presença de substâncias potencialmente críticas e proibidas pela legislação, ensaios de uso para análise do conforto e avaliações da biodegradibilidade dos materiais. Os laboratórios do CITEVE, por seu lado, dispõem das mais avançadas tecnologias e de recursos humanos altamente qualificados, acreditados para cerca de 500 ensaios segundo cerca de 900 normas, efetuando anualmente mais de 60 mil ensaios. São mesmo vários os grupos económicos nacionais e internacionais que recorrem às suas competências para controlo de quali- 43

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