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COMUNICAÇÕES 240 - Fernando Alfaiate: o homem do PRR

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negocios 36 director da Capgemini Engineering Portugal. Mas Bruno Casadinho deixa claro que, tendo em conta o contexto, “está a correr bastante bem. Diria até que somos um dos países mais avançados nesta integração. Estamos muito ativos para que as nossas pessoas percebam o valor da nova marca, a identidade e do que é ser um colaborador Capgemini Enginnering, ao mesmo tempo que estamos a reforçar essa mensagem no mercado. Temos de mostrar quem somos. É um processo e demora tempo”. A junção das 2.500 pessoas da ex-Altran e das cerca nde 500 da Capgemini criou no mercado nacional um novo grupo “com enormes ambições de continuar a crescer”. Até porque o propósito que esteve por detrás da operação, de complementaridade da proposta de valor, apresenta um enorme potencial de futuro. “O mundo do IT (information technology) e do OT (operational technology) está, cada vez mais, a covergir, no que designamos por intelligent industry. A inteligência dos equipamentos está cada vez mais no software. Por isso, o objetivo foi juntar um dos maiores grupos de consultadoria de TI com um grupo líder em serviços de engenharia, endereçando esta nova indústria que está a surgir”, refere Bruno Casadinho. LAB DE QUANTUM COMPUTING JÁ ESTE ANO Do ponto de vista da proposta de valor da ex-Altran, atual Capgemini Engineering, o líder da empresa garante que nada mudou. Trata-se de ajudar os clientes a desenvolver os seus produtos e serviços e a otimizar as operações nas mais diferentes atividades, através de soluções inteligentes. Mas agora, no contexto global da Capgemini, e de forma mais reforçada, com a oferta de soluções de engenharia, suportadas em software e em conetividade. Neste âmbito, o mercado nacional destaca-se como uma das três geografias, além da Ásia e da Europa, onde o grupo se prepara para abrir um novo laboratório de quantum computing, investimento que será anunciado até final deste ano. Bruno Casadinho não avança pormenores, mas destaca que se está a olhar para a computação quântica como a “próxima grande disrup- O digital and software engineering assenta no desenvolvimento de soluções de tecnologias de ponta ção para a nossa indústria, tal como foi a IA, e as novas formas de trabalho nas empresas”. Este laboratório destina-se à criação de conhecimento e ao desenvolvimento de pilotos e de soluções que provem que a tecnologia será útil para os negócios. Dará sequência ao trabalho que a Capgemini Engineering já desenvolvia nesta área há cerca de dois anos, tendo mesmo recrutado recursos-chave (portugueses) para o efeito, nos Estados Unidos, onde a computação quântica está bem mais desenvolvida. “Temos grande expetativa sobre o que podemos tirar do projeto, como benefício deste conjunto de tecnologias. E, mais uma vez, o nosso país conseguiu posicionar-se em termos internacionais, do ponto de vista de uma tecnologia do amanhã, que ainda está longe da maturidade para podermos desenvolver soluções comerciais”, considera o gestor. TECNOLOGIAS AVANÇADAS Relativamente aos demais centros de competências que vinha a desenvolver nos últimos anos, nomeadamente em áreas como o intelligent coding e connected things ou dados e IA, o foco é agora a palavra-chave. A ex-Altran foi assumida pela Capgemini como uma área de negócio de competências líderes de mercado em engenharia e I&D, tendo como missão apoiar as organizações a criar produtos e serviços do futuro e a lidarem com a disrupção, através da incorporação de tecnologias avançadas e de software de ponta. E opera em três áreas de mercado distintas, a começar pelo product and systems engineering, área de grande valor acrescentado, onde se desenvolve software e produtos que ainda não estão no mercado. Já a área de industrial operations engloba tudo o que permite tornar uma operação mais inteligente, menos reativa e mais preditiva, atividade que representa 40% da operação, predominantemente para a indústria de telecomunicações (operadores e fabricantes de equipamentos). Por fim, o pilar do digital and software engineering assenta no desenvolvimento de soluções em IA, IoT, analítica ou segurança, entre outras tecnologias, para acrescentar valor. Por indústrias, continua centrada nos setores core de telecomunicações e automóvel, apostando forte

UM FIT À MEDIDA PARA POTENCIAR NOVAS OFERTAS Uma das apostas da Capgemini Engineering foi o lançamento, em dezembro de 2020, de um 5G Lab no Fundão. Objetivo? Desenvolver em ecossistema um conjunto de aceleradores, para as empresas testarem a tecnologia e criarem use cases, assentes na capacidade adicional que o processamento do 5G traria e na inteligência da nova rede, muito mais capilar e de muito baixa latência, permitindo a oferta de serviços críticos. Quase um ano depois, a “promessa do 5G” ainda não se concretizou: se a capacidade de processamento está testada e o seu potencial para serviços críticos provada, o país está claramente atrasado quando comparado com outros da Europa. “Infelizmente, em Portugal a única coisa que temos vindo a fazer é dar continuidade a desenvolver protótipos e testar tecnologias de parceiros. Isso vai alimentando a criação de conhecimento, para estarmos mais bem preparados quando o 5G arrancar em força. Mas, para nós, este projeto está aquém das expetativas. Sentimos que fomos pioneiros e empreendedores e que, neste momento, a verdade é que a indústria ainda não está preparada”, refere o managing director da empresa. Já lá fora, tudo está a andar. “A partir do 5G Lab, no Fundão, trabalhamos para operadores norte-americanos e europeus, essencialmente. Continuamos a acreditar que vale a pena manter o projeto. Claramente temos a expetativa que o 5G seja uma realidade em Portugal e acreditamos que o laboratório é um ativo não só da Capgemini, mas também do país. Portanto, esperamos poder fazer uso dele e obter o retorno de um investimento que é uma plataforma agregadora”, acrescenta. Sendo a nova geração móvel um fator de competitividade que trará um conjunto de melhorias significativas ao mercado, defende que será necessário criar uma verdadeira plataforma em torno dela. “Temos muitos clientes na indústria que neste momento não sabem muito bem que valor ou retorno podem tirar da tecnologia. Assim, isso é um trabalho coletivo entre operadores, que vão ter de fornecer a tecnologia, e clientes, que a vão usar. O grande impacto do 5G não será no utilizador individual, mas sim nas empresas e nas soluções para as várias indústrias”, avança. Acresce o papel essencial de empresas como a Capgemini Engineering, que vão funcionar como enabler, para juntar os mundos da tecnologia e do negócio, e do próprio Estado, a quem caberá, como faz noutras áreas, fomentar o 5G, com a dinamização de um programa nacional. Para o gestor, “falta um plano nacional de 5G, como existe em Espanha. Já faria sentido em qualquer circunstância, mas, com o atraso que temos, diria que ninguém pode ter dúvidas sobre a necessidade de ter um programa destes”, assim como existir visão e capacidade mobilizadora de todos os stakeholders envolvidos.• também em life science e energia & utilities, assim como nos transportes/ferrovia e no espaço. É tendo em conta estas indústrias que estão organizados os centros de competências do grupo. Assim, o centro do Porto está essencialmente focado em automotive e o do Fundão nas telecomunicações e life science. Lisboa, onde se situa o headquarter, funciona como uma extensão. Mas a empresa não desenvolve atividades apenas para o mercado nacional. Bem pelo contrário. Pelo menos um em cada dois colaboradores trabalha neste momento para fora, o que é visto pelo gestor como “um fator diferenciador na criação de valor para o país. Diretamente, porque criamos emprego qualificado, e indiretamente, pelo conhecimento que ganhamos, por estarmos em contextos internacionais. É conhecimento disponível para criarmos valor nas empresas nacionais ou internacionais baseadas em Portugal”, numa verdadeira “transferência tecnológica”, uma vez que o grupo tenta perceber como é que o conhecimento criado e desenvolvido internacionalmente pode servir os 37

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