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COMUNICAÇÕES 240 - Fernando Alfaiate: o homem do PRR

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a conversa “Não sinto

a conversa “Não sinto que cheguei ao topo, ou que isto seja o culminar de uma carreira. Assumi o desafio como mais uma etapa no percurso de alguém que sempre trabalhou em fundos estruturais. Ganhei experiência, ganhei a confiança das pessoas que trabalharam comigo ao longo do tempo – políticos, gestores, técnicos. Foi um percurso a subir patamares” 16

Como encarou o convite para gerir o PRR? É apenas mais um desafio profissional, ou algo que pode mudar a sua vida? Não sinto que cheguei ao topo, ou que isto seja o culminar de uma carreira. Assumi o desafio como mais uma etapa no percurso de alguém que sempre trabalhou em fundos estruturais. Ganhei experiência, ganhei a confiança das pessoas que trabalharam comigo ao longo do tempo – políticos, gestores, técnicos. Foi um percurso a subir patamares. Mas é um desafio grande, que o deve ter feito ponderar… Porque agora tem os holofotes todos em cima de si. Sim, é verdade. O que me fez decidir foi a hipótese de liderar uma equipa de missão para concretizar um plano. Missão – esta palavra faz toda a diferença. É mesmo com sentido de missão que abraço este desafio. É seguramente uma grande responsabilidade, até porque há no país a pressão de que este projeto tem de correr bem, este desígnio tem de ser cumprido. A nível de visibilidade, de facto, não se compara com o que fiz anteriormente. O PRR, sendo um programa de investimento estruturante para o país, sendo um adicional aos investimentos normais do quadro financeiro plurianual, acaba por ter uma visibilidade excessiva, como se fosse a panaceia para todos os problemas. O que não é possível. O PRR faz parte de um sistema multifundos previsto para esta década, que completa todos os apoios que já existem. É mais uma peça de um puzzle – uma peça com grande relevância, é certo, mas não é a única. É preciso contrariar a ideia de que a “bazuca” resolverá todos os problemas. Se olharmos para o PT2030, temos quase o dobro da dotação do que o PRR. Associando as duas coisas, é um instrumento muito poderoso, mas sempre numa visão global – Estratégia 2030. Gosto do reconhecimento, claro, mas não gosto de me andar a promover em entrevistas e noutros fóruns Resumindo: sente o peso do compromisso que assumiu? É uma responsabilidade a nível técnico. O plano foi assumido por Portugal. A responsabilidade que tenho é de executá-lo. Para isso, terei de fazer relatórios semestrais de gestão relatando o cumprimento dos objetivos e execução de todos os investimentos previstos no PRR. A responsabilidade das opções estratégicas tomadas já não me cabe comentar. Eu sou o homem da execução. O gestor de uma estratégia que já está definida. Como gere o stress? Estes tempos têm-lhe causado ansiedade? A ansiedade existe sempre, mesmo para quem está habituado ao mediatismo. Gosta dessa visibilidade? Eu tenho um perfil muito técnico. A minha maneira de ser não vai ao encontro da promoção da visibilidade, que para mim não é importante. Mas preciso de ter voz para responder a opiniões ou comentários que são desajustados ou que prejudiquem a verdade dos factos . Não gosto que as pessoas tirem ilações contrárias à verdade. Daí a importância de aparecer, de falar dos objetivos e dos resultados que o PRR pode proporcionar. Apenas e só com essa finalidade. Gosto do reconhecimento, claro. Mas não gosto de me andar a promover em entrevistas ou em conferências sucessivas. Quais foram os momentos que forjaram a sua personalidade até hoje? Os momentos mais importantes da sua vida? Nasci numa aldeia, Soito, Concelho do Sabugal, distrito da Guarda. O meu pai tinha um negócio de frutas, era grossista e armazenista. Quando era adolescente, o meu orgulho pessoal era trabalhar com ele. Ele gostava de me colocar a fazer coisas de gente grande. Daí o meu gosto pela gestão e pela economia. O meu primeiro professor de economia foi o meu pai, nas viagens que fazíamos por Portugal, nas estradas que percorríamos juntos. Eram lições privadas? Que recordações tem desses tempos? Eu sou o mais novo de seis irmãos, três rapazes e três raparigas. O meu pai dava-nos verdadeiras lições da vida, que aprendíamos no relacionamento negocial, quer com os fornecedores, quer ocm os clientes. Eu era muito novo quando comecei a trabalhar com ele. Por vezes abdicava de ir brincar com os meus amigos para ser seu ajudante. Aprendi muito. E depois? Depois, aos 18 anos, vim para Lisboa tirar o curso de Economia. Foi uma fase desafiante, porque a minha mãe não queria que eu viesse e oferecia-me dinheiro 17

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