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COMUNICAÇÕES 240 - Fernando Alfaiate: o homem do PRR

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a conversa 14 “É

a conversa 14 “É preciso desmontar a ideia de que a ‘bazuca’ resolverá todos os problemas”

Fernando Alfaiate não faz por menos. Quer fechar o ano de 2021 com 100% dos €16.644 milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já contratualizados com todas as entidades responsáveis pela execução dos 83 investimentos e 37 reformas até 2026. Em causa estão 20 componentes – da saúde à habitação, da escola digital à descarbonização da indústria, da cultura ao mar. Com este mega desafio, o gestor da “bazuca” europeia pode continuar a fazer o que já fazia quando estava na comissão diretiva do Compete 2020: dar cartas na política de gestão dos fundos comunitários em Portugal. Homem discreto, não gosta das luzes da ribalta e isso talvez lhe venha das suas origens no interior do país. “Nasci numa aldeia no concelho do Sabugal, distrito da Guarda, e as pessoas são mais simples, mais transparentes”, afirma com o seu olhar tranquilo, de quem observa mais do que fala. Na semana em que nos concedeu esta entrevista, antes do “chumbo” no Parlamento do OE 2021 e da crise política que desencadeou, já se sabia da notícia de que a sua equipa tinha contratualizado 54% do PRR, valor acima do previsto, e isso causou-lhe apenas um sorriso manso e otimista, sem fogo de artifício ou autoelogios, que menospreza. Para quem o ouve falar, até parece fácil. Diz, quem o conhece bem, que ele sabe como navegar no complexo ecossistema dos fundos estruturais, o que no caso do PRR é uma mais-valia única, num contexto em que o país tem os olhos postos neste homem que até aqui trabalhou na sombra. Nasceu na aldeia de Soito e trouxe para o mundo do trabalho toda a simplicidade do que foi crescer no campo, numa família com seis irmãos: não tem, de todo, o perfil do executivo que comanda as instituições sentado no seu gabinete. É um gestor de portas abertas, diligente e obstinado. Tem uma admirável entrega ao trabalho, mas é o rigor de que não abdica que é a sua imagem de marca. Apesar da sua aparência tranquila, tem uma força beligerante que o leva a ser obcecado por cumprir os objetivos a que se propõe. Na gestão do PRR adotou uma estratégia simples: manter o plano rigorosamente em funcionamento. Parece pouco. Mas é muito. Pelo menos, garante algo fundamental na gestão de um projeto desta magnitude: previsibilidade. Fernando Alfaiate está, literalmente, no olho do furacão. Mas recusa ser um homem com poder, apesar de ter a responsabilidade pela boa aplicação de 16 mil milhões de euros que prometem tornar o país bem mais competitivo. Uma qualidade que lhe é apontada é o facto de saber trabalhar em equipa. Três cabeças pensam melhor do que duas, especialmente se todas forem inteligentes e tecnicamente irrepreensíveis. Filho de um pequeno comerciante de frutas, Fernando Alfaiate tem muito orgulho nas suas raízes e na sua família. “Entrei no mundo profissional aproveitando uma infância tida com toda a liberdade”, conta ele. Há coisas que não se esquecem: por exemplo, as viagens que fazia com o pai, por esse Portugal fora, a acompanhá-lo no seu pequeno negócio. “Ele foi o meu primeiro professor de economia”. 15

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