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COMUNICAÇÕES 239 - Alexandra Leitão: Fazer Política para as Pessoas (2021)

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56 O laboratório vivo

56 O laboratório vivo que está a fazer-se com os idosos, em modelo de cocriação, é único em Portugal

cidadania IDOSOS E CIENTISTAS EM PARCERIA CONTRA A SOLIDÃO Sob a coordenação da fundação espanhola INTRAS, Portugal, Espanha e França uniram-se em torno de um projeto solidário, que combina cidadania, solidariedade e tecnologia digital. Chama-se MOAI labs e foi concebido a pensar nos mais velhos. TEXTO DE TERESA RIBEIRO Há muito que se fala de solidão. Por ser um fenómeno transversal nas sociedades ocidentais, já lhe chamaram até a “praga do século XXI”. Não deixa de ser irónico esta escalada acontecer no período da História em que a comunicação se tornou global e massiva, mas a verdade é que o problema continua em crescendo e, apesar de afetar todas as faixas etárias, atinge maior expressão junto dos idosos. Já existem vários modelos de intervenção que visam o combate à solidão nesta faixa etária, mas a Fundação INTRA, sedeada em Espanha, avançou com um projeto inovador, o MOAI labs, baseado no conceito de living labs, em que idosos e cientistas partilham informação para cocriarem soluções. Com o foco na tecnologia digital, esta atividade no terreno destina-se a desenhar ferramentas que mais tarde poderão contribuir, com eficácia, para uma vida social mais participativa entre a população idosa. Em Portugal a unidade de investigação CINTESIS – sedeada na Universidade do Porto e com uma estrutura que inclui 46 instituições parceiras na área da educação, saúde e tecnologia – e o INOV INES Inovação são os parceiros deste projeto. Sara Guerra, investigadora no CINTESIS que, com Liliana Sousa e Óscar Ribeiro coordena o projeto no terreno, diz que “este trabalho com os idosos, em modelo de cocriação, é único em Portugal”. As sessões do living lab português estão a decorrer no Instituto Superior de Serviço Social do Porto e contam com a participação de um grupo de voluntários maiores de 60 anos. Pretende-se que a partir da sua experiência de vida ajudem a identificar as causas da solidão, as necessidades daí decorrentes e as soluções adequadas, que possam ser criadas em formato digital. “Por enquanto estamos na fase de análise de dados, mas quando chegarmos à prototipagem, testaremos estas soluções em tempo real, com testes-piloto na comunidade”, explica Sara Guerra. “Pode nascer daqui uma aplicação, um robot social”, especula, com evidente entusiasmo. Estas sessões vão prolongar-se até janeiro de 2022. Depois, e até janeiro de 2023, os cinco laboratórios vivos que estão afetos ao MOAI Labs (dois em Espanha, dois em França e um em Portugal) vão gerar o primeiro laboratório europeu transnacional vivo, dedicado à investigação, desenvolvimento e inovação para responder a este desafio. Com o objetivo de partilhar ferramentas de intervenção comunitária, o CINTESIS também envolveu nesta iniciativa estudantes do mestrado de Gerontologia Aplicada da Universidade de Aveiro, sangue novo que só poderá enriquecer a investigação. Segundo Sara, o empenho é grande por parte de todos os atores envolvidos, a começar pelos idosos, em cuja seleção foi determinante o Instituto Superior de Serviço Social do Porto, que está a partilhar as suas experiências com todo o interesse, já que a solidão – vivida ou percecionada – foi critério sine qua non para a sua escolha. O MOAI Labs é financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do programa Interreg Sudoe, e corresponde a um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros.• 57

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