a conversa 16 “Não consigo fazer aquilo a que se chama ‘poker face’, não tenho a capacidade de ser impenetrável”
A sua passagem pela secretaria de Estado da Educação semeou curiosidade na opinião pública e na comunicação social. Entrou-nos pela casa adentro como alguém que não desiste, que dá a cara pelas suas convicções. De facto, a coragem é a qualidade que Alexandra Leitão mais admira num político, “a par da verdade”. A atual ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública é, além de destemida, uma mulher de trabalho, com uma capacidade de persuasão que não acaba mais, que lhe vem sobretudo da retórica, arte que domina como poucos. Prepara-se muito bem para os debates, sejam eles quais forem, estuda a fundo os dossiês. Consta que nas orais, quando andava na faculdade, não vacilava em frente dos professores, mesmo dos mais temíveis, tal era a sua capacidade argumentativa. Outra característica é a sua austera disciplina para consigo própria e a sua obstinação sem tréguas. No governo, com esta nova pasta, tem objetivos realmente desafiantes pela frente. Resume a sua missão complexa desta forma singela: “Quero melhorar a vida dos cidadãos”. A obstinação de Alexandra Leitão já vem de trás. Nasceu em Lisboa e cresceu em Carcavelos, onde fez a escola pública. Entrou na primária com cinco anos e na faculdade com 17, fazendo um percurso escolar extremamente focado e bem-sucedido. Licenciou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa — com média final de 16 valores —, fez mestrado e doutoramento. “Sempre adorei a escola”, diz ela, não conseguindo evitar um arrepio de saudade que a memória desses tempos convoca. Eis outra característica que lhe é atribuída: nos breves dias em que vive desapaixonada, torna-se impossível. Quando gosta e se empenha, atira-se de cabeça. Alexandra Leitão aprendeu a dizer apenas o que achava certo – não o que os outros esperam ouvir. Mas muitas vezes dá o braço a torcer. Um dos elementos da sua inteligência é a capacidade de ouvir e de acomodar os conselhos de quem está à sua volta. Afinal, a escolha é entre a coerência de quem insiste no equívoco e a incoerência de quem corrige a rota. Uma das experiências que mais a marcou foi, sem dúvida, a maternidade. Olhando para as suas duas filhas, já adolescentes, fascina-se com a sabedoria simples e inabalável que vem de as ver crescer. Basta sentir-se parte dessa ilha para se sentir afortunada. O facto de o trabalho ser para Alexandra Leitão uma espécie de militância sem tréguas, não a impede de viver a maternidade com a força que ela merece. O que faltaria para compor o retrato desta privilegiada atora social? A fortaleza ética e ideológica que foi a sua família. A mãe, enfermeira, foi presa política do Estado Novo, e isso representa um ponto cardeal da sua vida de filha única – na verdade, de todo o clã. É “profundamente antifascista” e lembra-se desde sempre, mas sobretudo na universidade, da sua luta contra as injustiças. Inimiga dos clichés, a ministra não fez desta entrevista apenas um instante polido de uma conversa. Fez dela um momento de partilha e de entrega – como, aliás, parece acontecer em tudo na sua vida. 17
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