DIGITAL BUSINESS BREAKFAST Na adoção de uma estratégia de sustentabilidade, a primeira etapa passa por se saber onde se está, definindo-se depois objetivos, internos e externos, para posteriormente implementar e monitorizar, numa “abordagem top-down e bottom-up”, diz Raquel Espada Martin. Neste processo, o tema mais problemático é a governance, assim como as pessoas. Por isso, a oradora explica que é preciso trabalhar de forma integrada, acabando com os silos que ainda subsistem dentro das organizações. O engagement com stakeholders externos é também essencial, tal como assegurar “um consistente e forte suporte da gestão de topo e colaborar com parceiros externos, como outras empresas, para ganhar dimensão e escala”. “A sustentabilidade é um ativo. Creio que é importante o tema de inovação e cocriação para os novos modelos de negócio, fazendo alianças e criando um ecossistema de parceiros. Permite uma execução total dos modelos de negócio, porque todos são agentes da mudança”, concluiu. REALIDADE URGENTE OBRIGA A ACELERAR A MUDANÇA As empresas portuguesas estão conscientes da necessidade da mudança e da adoção de uma estratégia assente na economia circular. Sabendo que este é um caminho inevitável, muitas estão já a dar passos largos nesse sentido, embora admitam o muito que há ainda por fazer para garantir sustentabilidade. Aqui, consideram que a responsabilidade cabe não só às organizações, mas também aos poderes públicos e à regulação, que têm que fazer mais, e aos próprios cidadãos/consumidores, que terão que dar uma crescente preferência a ofertas sustentáveis. Estas foram algumas das conclusões da sessão de debate deste Digital Business Breakfast, moderada por Filipe Alves, diretor do Jornal Económico. “A economia circular tem que, forçosamente, ser uma oportunidade em todo o lado”, começa por dizer Fernando Santana. O presidente da Academia de Engenharia destaca que existem três complicados problemas a resolver. A começar pela inexistência de um direito global de gestão de recursos, situação que permite fazer diferente de país para país. Terá ainda que se saber criar valor com estas novas ofertas e apostas, caso contrário, “tudo passará apenas por boas intenções e discursos, mas por resultados pequenos”. Por fim, terá que se abordar o comportamento social dos cidadãos, que “vivem num dilema grande: querem ter emprego, crescimento e qualidade de vida e, ao mesmo tempo, que o ambiente e os recursos sejam bem tratados”. Na Galp Energia, a economia circular é encarada como “uma oportunidade de crescimento futuro”, diz Hugo Pereira, Head of New Energies Division da empresa, que foi pioneira em Portugal na produção de energia exclusivamente a partir de resíduos. Desde 2012, tem uma unidade de produção que utiliza 100% de resíduos e foi a partir daí que começou a adquirir know-how e a desenvolver uma estratégia neste âmbito. O grupo só não investiu em mais projetos “por um fator de competitividade e esse é um desafio grande. Temos que perceber qual o modelo de negócio competitivo a médio e longo-prazo”, diz o gestor. Os temas da regulação e da incerteza legislativa também são desafios, porque
5 Para Raquel Espada Martin, impõe-se uma mudança de paradigma e de mentalidades, que terá que assentar na inovação e nas soluções tecnológicas. E há muitas empresas já a avançar só com os incentivos corretos, os investidores poderão tomar decisões: “acho que o Governo e o regulador poderiam fazer muito mais para tornar este negócio apetecível”. É que, apesar de haver um Plano Nacional para a Economia Circular, ainda não há uma tradução clara na legislação dessas metas e obrigações nas várias indústrias. “Há boas intenções, mas falta esta parte para obrigar as empresas a desenvolverem negócios que minimizem os seus custos, face ao cumprimento da legislação”, acrescenta. José Melo Bandeira, CEO da Veolia, começa por dizer: “a ideia que me vem à cabeça no tema da economia circular é que se não nos despacharmos, amanhã estamos todos mortos. A realidade é conhecida e está a acontecer. O que significa que a urgência e a emergência da ação é absolutamente brutal. Assim como a responsabilidade” Para este responsável, empresas e cidades são, claramente, “os veículos da mudança que pode ser feita à volta destes temas”. E hoje “já não há desculpa para não o fazer, do ponto de vista da tecnologia e do saber. Não há nada que a tecnologia não resolva já. A dificuldade é, necessariamente, a equação económica”. Na sua perspetiva, se as políticas e a regulação são importantes, “estão criadas as condições para as empresas serem os motores da transfor-
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