DIGITAL BUSINESS BREAKFAST Economia circular: fazer da emergência uma oportunidade Num mundo de recursos cada vez mais escassos, a sustentabilidade terá que ser a aposta. O que passa pela adoção de um modelo de negócio circular, onde a inovação e a tecnologia têm um papel fundamental. Há muito trabalho por fazer, num caminho que exige mais esforço das políticas públicas e regulação, assim como colaboração e parcerias na cadeia de valor. As alterações climáticas são hoje o maior problema do mundo e estamos a vê-las todos os dias. Em paralelo, os recursos naturais são cada vez mais escassos, porque os estamos a consumir mais rapidamente do que a velocidade a que estes se conseguem regenerar. Já em 2025, estima-se que dois terços da população mundial tenha problemas com a água. A manter-se a atual situação, em 2050 vamos precisar do equivalente a 4 planetas em termos de recursos. Os alertas são de Raquel Espada Martin, EMEAS VP Energy and Sustainability Services da Schneider Electric. Centrando-se no “Living By Principles - Business Resiliency Through Increased Circularity”, a keynote speaker do Digital Business Breakfast APDC sobre “Powering the Circular Economy of the Future”, o 3º e último encontro de um ciclo de três iniciativas com o mote “Powering the Digital Economy”, destacou o impacto bru- tal que esta realidade começa a ter nas empresas. Para a oradora, uma das especialistas europeias em energias renováveis e sustentabilidade, cuja equipa de consultores dá apoio a mais de seis mil empresas a nível global nesta área, o atual modelo linear das organizações é insustentável e não se poderá manter. O caminho passa por se avançar para um sistema circular, no que considera representar uma “mudança de paradigma e de mentalidades”. Graças à inovação e à tecnologia, esta é uma estratégia que já está a ser adotada em muitas organizações, criando com isso novas oportunidades de negócio e colmatando os problemas que já estão a sentir, nomeadamente o aumento dos preços das matérias-primas. “As empresas que sejam capazes de adaptar os seus modelos de negócio serão as que sobreviverão e ficarão a longo-prazo. Temos que aprender a reutilizar as coisas. Os recursos são os que
3 Este debate sobre a economia circular, que decorreu a 16 de janeiro, foi o terceiro e último encontro de um ciclo de três iniciativas sobre “Powering the Digital Economy”. Em destaque esteve o impacto da realidade da escassez de recursos atual. temos e não vai haver mais. O que precisamos é fazer de outra maneira”, acrescenta. Adotar uma estratégia de economia circular e ser mais sustentável terá que passar, obrigatóriamente, por utilizar os recursos naturais da melhor maneira possível, maximizar o seu uso e evitar o desperdício. E já se está a multiplicar o número de empresas que estão a disponibilizar novos tipos de produtos e ofertas. Na Nike, por exemplo, 74% do seu equipamento já vem de produtos recicláveis. A Michelin tem agora uma abordagem de venda de pneus como um serviço. Uma das áreas que destaca é a inovação no processo nos processos, tendo em conta que 47% das iniciativas de economia circular vêm daí. Há ainda que apostar no desenho dos produtos, para que estes durem muito mais. O que é feito hoje é ainda muito incipiente e só 12% das empresas estão a mudar o modelo de negócio e a inovar nos processos. O próprio mercado vai obrigar à mudança das organizações. Por via da regulação, que na Europa será “muito mais agressiva” em termos de economia circular, tendo em conta as metas ambiciosas de descarbonização assumidas por Bruxelas. Mas também por pressão do consumidor, que quer ver cada vez mais comportamentos sustentáveis e compromissos neste âmbito por parte de quem lhes fornece produtos e serviços.
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